Eu só quero que meu filho fale …
A comunicação de uma criança começa com seus primeiros choros e gradativamente se expande para também incluir expressões faciais, gestos e, por último, a fala.
A linguagem é muito mais do que simplesmente falar. A partir do dia em que a pessoa nasce, mãe e filho se comunicam através de conversas com olhares, sorrisos e linguagem corporal. A criança reage à voz da mãe e ao som do seu coração.
Quando a fala aparece, as primeiras palavras são substantivos (biscoito, suco, cachorro, copo) e são objetos familiares à criança.
A criança gosta de cantar músicas familiares e repetitivas, com rimas e melodias com seus cuidadores, o vocabulário cresce a cada semana e quando a criança já tem um repertório expressivo em torno de 50 palavras (substantivos que nomeiam coisas do seu ambiente direto) a criança começa a colocar substantivos e verbos juntos para formar frases de duas ou mais palavras, daí então a criança passa a adicionar em suas frases adjetivos e às vezes, preposições.
A completa maturidade da linguagem não acontece antes da adolescência, e possivelmente até depois dela. A linguagem usada numa função exploratória é a base para o pensamento, o maior implemento para o crescimento intelectual, porém essa linguagem não reside somente na oralidade.
É assim que se desenvolve a comunicação, e para uma criança com transtorno ou atraso no desenvolvimento deve-se “preencher” estas etapas para que a comunicação, e não somente uma fala desconecta, se desenvolva.
E por que nós nos comunicamos?
A capacidade de comunicação (seja qual for o meio de comunicação) permite que a pessoa expresse suas necessidades, suas emoções e é um canal para entender as pessoas e o mundo à sua volta de uma maneira que pode diminuir sua ansiedade e ampliar seus limites ao longo do tempo.
A comunicação é o meio mais comum de interação, porém nós temos sete finalidades distintas para a comunicação:
1. Instrumental: para satisfazer necessidades e desejos -“Eu quero água.”
2. Regulatória: para controlar o comportamento dos outros e o próprio – “Vamos combinar como nós vamos resolver qual o próximo filme que nós vamos todos assistir”; “Cada vez que você sentir que vai explodir, conte até dez.”
3. Interacional: para estabelecer e manter contato com outras pessoas – “Me conte da sua viagem à praia enquanto fazemos compras no supermercado.”
4. Pessoal: para expressar escolhas, assegurar-se e tomar responsabilidade – “Eu quero vestir a blusa de cor azul”; “Eu estou triste, preciso contar o que aconteceu na escola hoje”; “Eu posso conversar com meu colega amanhã e resolver este problema”.
5. Aprendizado: para fazer perguntas e receber informações – “Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?”
6. Imaginação: para criar imagens e padrões, imaginar – “Vamos imaginar o que aconteceria se só tivesse chocolate para comer”.
7. Representadora: para passar informações a outros, para falar sobre idéias – “Vamos debater como poderíamos dar nossa contribuição para uma sociedade mais gentil”.
Porém, nem para a linguagem instrumental só falar basta, é necessário que a pessoa também entenda os princípios básicos da comunicação que envolvem a existência de um emissor e receptor, tom de voz, ritmo e entonação.
Para a comunicação social é necessário ainda mais, é preciso que se reconheça e se entenda linguagem não-verbal, interesses e tudo o que vai nas entrelinhas de uma relação interpessoal.
Bibliografia:
Moor, Julia (2006) – Playing, Laughing and Learning with Children on the Autism Spectrum – A Practical Resource of Play Ideas for Parents and Carers
Healy, J. (1987) - How your child’s growing Mind - Brain Development and Learning from Birth to Adolescence.
Hannaford, Carla (2005) - Smart Moves - Why Learning Is Not All In Your Head.
Hirsh-Pasek, Kathy; Golinkoff, Roberta (2004) - Einstein Never Used Flash Cards - How Our Children REALLY Learn - And Why They Need to Play More and Memorize Less
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