A Integração Sensorial é o processo pela qual o cérebro organiza as informações, de modo a dar uma resposta adaptativa adequada, organizando assim, as sensações do próprio corpo e do ambiente de forma a ser possível o uso eficiente do mesmo no ambiente.
O sistemas ligados à Integração Sensorial são: vestíbulo proprioceptivo, somatosensorial e praxia, que estão interligados/inter-relacionados para promoção de um bom desempenho motor e emocional no meio ambiente.
A abordagem do método visa a quantidade e qualidade de estímulos proporcionados ao sujeito, para que busque um equilíbrio modulado, dando assim, uma resposta que esteja de acordo com suas capacidades e com o meio, melhorando o desempenho de uma criança (por exemplo), em seu processo de aprendizagem.
Ao longo deste trabalho discutiremos a relação entres os sistemas, as possíveis disfunções e a abordagem terapêutica.
2 - INTEGRAÇÂO SENSORIAL
A Teoria de Integração Sensorial descreve como o indivíduo desenvolve a capacidade de perceber, aprender e organizar sensações recebidas do seu corpo e do meio para executar atividades voluntárias e significativas. Um importante componente desta teoria é a explicação de Ayres sobre como a criança desenvolve a capacidade de organizar inputs sensoriais. (Ayres, 1972, 1979). Ela coloca que, inicialmente, a criança recém nascida experimenta sensações mas não é capaz de dar significado a elas.
Durante o caminho da criança para ampliar a percepção de seu corpo do mundo, e durante suas continuadas experiências interativas, a criança começa a dar significado às sensações que ela percebe. Enquanto a criança continua a experimentar vários graus, tipos e combinações de informação sensorial no meio, ela responde produzindo respostas adaptativas: uma resposta com objetivo e intencional que provoca com sucesso uma mudança no meio. Cada vez que a criança responde de maneira adaptativa seu sistema nervoso armazena a percepção e o conhecimento adquirido a partir desta experiência, utilizando-o para guiar organizações futuras ou diferentes experiências sensoriais e demandas do meio. Quando a criança é capaz de enfrentar com sucesso os desafios de seu meio há um aumento na habilidade do cérebro em organizar sensações para produzir complexas respostas adaptativas. Este processo é chamado Integração Sensorial.
Portanto a Integração Sensorial refere-se ao processo neural através do qual o cérebro recebe, registra e organiza o input sensorial para uso na generalização das respostas adaptativas do corpo ao meio circundante, começando durante o desenvolvimento pré-natal.
Os inputs vestibular e somatosensoriais têm um papel vital na criação de modelos precisos do corpo para o controle postural necessário à orientação corporal em relação à gravidade e ao meio. O processo defeedback sensorial produzido pelo movimento permite adaptação de ações motoras às mudanças das demandas do meio e das tarefas e facilita a aprendizagem motora, assim como componentes de aprendizagem perceptual e cognitiva.
Ayres propôs que uma adequada integração sensorial não é apenas a base da aprendizagem mas também a base da aprendizagem e do desenvolvimento emocional. Ela coloca que esta emoção é uma função do sistema nervoso, e que processar e integrar sensações para produzir respostas é básico para o crescimento emocional.
Portanto, integração saudável e respostas aos inputs sensoriais foram também associados ao desenvolvimento e organização da ligação entre pais e criança, desenvolvimento social, autoconceito e auto-regulação.
Guiados pelo trabalho pioneiro de A. Jean Ayres, terapeutas ocupacionais desenvolveram contribuições e estratégias de tratamento para trabalhar com disfunções da integração sensorial em crianças de idade escolar desde o início dos anos 70. No entanto, com o aumento do conhecimento dos terapeutas sobre os sinais de problemas integrativos e com as novas contribuições que foram desenvolvidas que esclarecem os componentes do processo sensorial e da organização motora, a identificação de desordens da integração sensorial em idades muito precoces tornou-se possível.
Muito foi aprendido sobre os sinais precoces de problemas nos processos sensoriais entrevistando as famílias de crianças mais velhas com desordens de integração sensorial acerca do seu desenvolvimento. Muitas dessas famílias contam que eles observavam que estes problemas estavam presentes desde o nascimento. Por exemplo, seus recém-nascidos tinham dificuldades com as demandas motoras orais e experiências corporais básicas, tais como subir numa cadeira ou descer uma escada após tê-la subido de joelhos. Além disso, a criança pode não ser capaz de formular sinais corporais apropriados ou gesticular para comunicar desejos de carinho, comida ou brinquedo favorito. Aos 2 ou 3 anos de idade a criança pode apresentar problemas de evacuação ou dificuldades em adquirir habilidades simples de cuidado diário, tais como se vestir peças de roupa, sapatos e casacos. Preensão inadequada de brinquedos ou outros objetos ou o uso contínuo e repetitivo de comportamentos imaturos de brincar podem ser observados.
Em uma criança pouco ativa, o comportamento de "espectador da brincadeira" pode começar a aparecer, com a criança (que se aproxima da idade pré-escolar) evitando os jogos de manipulação de brinquedos ou jogos motores, preferindo atividades mais sedentários, tais como ver televisão ou olhar livros. Crianças brilhantes podem esconder inadequações de planejamento motor através de jogos de faz-de-conta e ênfase na imaginação e interação social sobre jogos de manipulação de objetos e coordenação global.
Um bebê ou criança pequena com disfunção integrativa-sensorial tem sintomas que se imaginam refletir uma desordem no processo neural central de input sensorial.
Assim como uma desordem pode conduzir a interações desorganizadas e não adaptativas com o meio do qual o feedback sensorial e os modelos de ação interna são produzidos, também pode perpetuar o problema. O quadro clínico, no entanto, pode variar muito de criança para criança. As diferenças podem ocorrer tanto pela severidade da desordem como pela configuração dos fatores que compõem o quadro individual de cada criança. O processo sensorial disfuncional em algumas crianças pode, em última instância, resultar em dificuldades de aprendizagem, que podem conduzir ao fracasso escolar; em outras crianças, ele pode ser refletido em frustrantes movimentos globais desajeitados ou em constante dificuldade em adquirir habilidades ocupacionais que outras crianças adquirem com facilidade.
Desordens funcionais na habilidade para modular as sensações recebidas são também observadas em muitos casos nos quais a criança parece ter hipersensibilidade às experiências sensoriais simples, tais como andar na grama ou descer por um escorregador. Do mesmo modo, a criança pode falhar em se orientar na presença de inputs sensoriais desconhecidos, tais como um golpe de ar atrás do pescoço, a presença de um novo e colorido brinquedo ou uma nova pessoa entrando na sala.
2.1 - CONCEITOS BÁSICOS
Ayres enfatiza a importância dos sistemas tátil e vestibular-proprioceptivo como sistema de unificação, cuja operação eficiente promove o desenvolvimento geral de comportamentos. Duas desordens de modulação sensorial comumente mencionadas, a insegurança gravitacional e a hipersensibilidade tátil, parecem ter conseqüências emocionais.
Segurança gravitacional é vital para a segurança emocional . A criança precisa desenvolver a "crença de que está firmemente conectada à terra e que ela terá sempre um lugar seguro para estar em pé" para que possa, de certa forma, mover-se no mundo (Apud. Ayres, 1979, p.76). Para este fim, a criança é levada a uma "viagem interna" para explorar e dominar a gravidade e ela internaliza esta habilidade motora. Crianças que têm insegurança gravitacional, que é definida como uma intensa ansiedade e angústia em resposta a movimento ou à mudança de posição da cabeça, experimentam uma sensação de ameaça quando são solicitadas a se mover. A criança prefere estar em contato físico com uma base segura a entrar em brincadeiras que envolvam movimento.
Outro exemplo de hipersensibilidade ao input sensorial que pode ter implicações sócio-emocionais é a "defesa tátil", que é definida como uma reação aversiva ao toque. Experiências sensoriomotoras naturais que ocorrem na vida de uma criança pequena, tais como cócegas e batidas, podem assumir significados negativos ao invés dos significados afetivos positivos que seriam esperados.
Como os sistemas somatosensorial , vestibular-proprioceptivos e praxia trabalhando juntos e efetivamente, a criança aprende que é um indivíduo distinto e único, podendo começar a tomar o comando emocional de sua vida. A percepção das sensações do corpo permitem à criança se mover livre e efetivamente, sem associações afetivas negativas durante sua interação com o mundo.
2.1.1 - SISTEMA VESTIBULAR-PROPRIOCEPTIVO
As funções do sistema vestibular :
- Dá consciência e apreciação da posição da cabeça no espaço guiando o inter-relacionamento com o mundo externo.
- Equilíbrio - o equilíbrio é uma função combinada dos sistemas visual, tátil, proprioceptivo e vestibular através dos tratos vestibuloespinhal e cerebelar.
- Direciona o olhar através de movimentos compensatórios dos olhos em resposta à movimentação da cabeça; preserva um plano constante de visão através do controle da posição dos olhos.
- Postura - existem muitas conexões entre os mecanismos vestibulares e os tratos eferentes para facilitação do tônus extensor.
- Contribui para a base neurológica do desenvolvimento da movimentação, orientação e controle e extremidade superior.
- Através de extensivas conexões com a formação reticular e sistema límbico, dá a base para o controle de alerta, atenção e regulação emocional.
- Base hipotética do desenvolvimento da coordenação motora bilateral e de funções relacionadas ao planejamento motor ou praxia.
- Juntamente com os receptores articulares e musculares, provê a base interna requerida para os mecanismos de "feedforward" do controle motor.
As funções da propriocepção:
- Fuso muscular, receptores dos tendões, vestibular contribuem mais para propriocepção consciente.
- Propriocepção é uma função das terminações aferentes dos músculos e tendões que sentem com quanta força os músculos estão tracionando e a rapidez com que o músculo esta sendo estirado - propriocepção responde mais à movimentação ativa.
- Esta informação é usada para regular atividade motora em andamento e guiar a execução de outras tarefas motoras no futuro - Modelos neuranais - memória motora - esquema corporal.
- Receptores são essenciais para a noção de posição dos membros, essencial no controle da movimentação fina.
- Propriocepção faz a conexão entre o impulso límbico e a execução motora.
2.1.2 - SISTEMA SOMATOSENSORIAL
A percepção somatosensorial envolve tanto exterocepção quanto a propriocepção.
Exterocepção envolve sensação de tato, pressão, dor e temperatura através dos receptores da pele.
Propriocepção - sensação de posição e movimento via receptores dos músculos, tendões e articulações.
Contribuição para o controle motor:
- Todas as ações motoras, tanto automáticas quanto voluntárias, dependem de processamento somatosensorial adequado.
- Tônus muscular adequado e coordenação motora dependem de estímulo proprioceptivo.
- Estímulo somatonsorial contribui para o desenvolvimento do esquema corporal.
- Processamento somatosensorial contribui para o desenvolvimento das praxias.
2.1.3 - PRAXIA
A habilidade humana que requer esforço consciente, envolvendo a capacidade do cérebro para conceituar, organizar, e dirigir interações com sentido no meio ambiente. (Apud. Ayres, Mailloux & Wendler, 1987).
2.1.4 - CONCEPÇÕES BÁSICAS DA ORGANIZAÇÃO DO SNC NA INTEGRAÇÃO SENSORIAL
Esta teoria coloca que o tronco cerebral é a primeira área de integração e mais tarde, continua tendo o papel principal na integração sensorial.
As estruturas de principal interesse no tronco cerebral incluem o tálamo (grande integrador do cérebro), o núcleo vestibular e suas conexões e a formação reticular. O cerebelo tem um papel importante na integração sensorial porque processa os estímulos relativos à gravidade e movimento. A importância de outras estruturas do sistema nervoso central é reconhecida. O sistema límbico foi identificado pela sua associação com a excitação simpática, que resulta na resposta de sobrevivência geralmente vista em pessoas que apresentam defensibilidade sensorial.
O córtex cerebral é também importante para a base teórica da integração sensorial por causa de sua contribuição com a práxis, principalmente na áreas de planejamento ou da compreensão que a pessoa tem sobre a necessidade do movimento. O sistema nervoso central (SNC) como um todo e a integração entre todos os seus sistemas são considerados no quadro de referência da integração sensorial.
São 6 concepções básicas da organização do SNC na integração sensorial:
1. O sistema nervoso central é hierarquicamente organizado. O processo cortical depende da adequada organização dos estímulos recebidos pelas áreas inferiores do cérebro. Filogeneticamente, conforme o cérebro se desenvolve, as estruturas mais novas e mais altas, como o córtex cerebral, permanecem interconectadas e dependem do adequado funcionamento das estruturas mais antigas e mais baixas do cérebro. As integrações do estímulo sensoriais proveniente dos centros inferiores do cérebro atingem os centros superiores ou corticais para processar a informação mais completa e especializada.
2. Um registro significativo do estímulo deve ocorrer antes que o SNC possa dar uma resposta a ele e, ainda, permite que uma função mais alta ocorra. O registro do estímulo sensorial precisa ocorrer para sinalizar na direção de uma mudança no meio, e deve ser significativo para alertar a pessoa.
3. O cérebro é organizado, de maneira inata, a fim de programar a pessoa para selecionar a estimulação que é organizadora ou benéfica para ele. Dar uma resposta adaptativa reforça a integração nos sistemas sensoriais. As crianças naturalmente selecionam ou se envolvem em atividades que promovem a integração sensorial. Isso é referido como o caminho natural da integração sensorial. Por exemplo, pular, subir e cair, atividades verificadas em crianças de dois anos estão relacionadas ao entendimento inicial da gravidade. Nesta idade a criança tem necessidade de experimentar sua habilidade de mover-se contra a gravidade. Mesmo adultos selecionam atividades que lhe dêem uma "dieta sensorial" balanceada. Se trabalhamos numa mesa, podemos escolher esquiar, correr ou fazer aeróbica para nos fazer "sentir melhor".
4. O estímulo de um sistema sensorial pode facilitar ou inibir a condição de todo o organismo. Estímulo de qualquer sistema influencia todos os demais, assim tendo o organismo como um todo. Em outras palavras, facilitação e inibição de um sistema específico não têm como ocorrer com um sistema isolado, mas também pode ser alcançado através da influência da inibição e facilitação de outros sistemas sensoriais. Esta poderosa afirmação dá a base para o terapeuta ocupacional tratar a disfunção de um sistema sensorial através da intervenção em outro sistema. Também demonstra a vasta conecção entre função e estrutura do SNC.
5. Há plasticidade no Sistema Nervoso Central. O processo e a estrutura do cérebro podem ser modificados para melhorar a função. Utilizando a teoria da integração sensorial, a intervenção é dirigida aos sistemas sensoriais e níveis de suporte funcional para facilitar mudanças na habilidade da criança em produzir uma resposta adaptativa. Em muitos casos, esta mudança é permanente e reflete uma diferença de processo que não pode ser atribuída exclusivamente à aprendizagem. Embora crianças tenham maior plasticidade neural, a experiência mostrou que mudanças podem ocorrer também na vida adulta.
6. O desenvolvimento humano normal acontece seqüencialmente. A teoria da integração sensorial é baseada no entendimento da seqüência do desenvolvimento humano e no entendimento das respostas adaptativas que a criança é capaz de dar a cada nível etário. Se a modulação do sistema sensorial e as capacidades de suporte funcional não estão integradas, então as respostas adaptativas não atingirão um nível ótimo. Habilidades isoladas desenvolvidas a partir de uma necessidade específica tendem a não se generalizar para outras situações. A teoria da integração sensorial se volta para o desenvolvimento de integração, não para o ensino de habilidades isoladas.
Funções integrativas sensoriais
Os cinco sistemas sensoriais (auditivo, visual, vestibular, proprioceptivo e táctil) dão as bases para o desenvolvimento das capacidades funcionais básicas que permitirão o desenvolvimento de habilidades mais complexas.
Modulação do sistema sensorial
A forma como os sistemas sensoriais processam o estímulo afetam a qualidade da capacidade da criança responder de maneira adaptativa.
No Sistema Nervoso Autônomo (SNA) uma excitação moderada resulta em uma resposta adaptativa ótima, enquanto que uma excitação alta resulta em desorganização do comportamento e, eventualmente, ansiedade e resposta emocionais negativas. O ponto chave, geralmente percebido pelos profissionais de saúde é que a excitação inicia uma resposta simpática ("lute ou paralise"). Esta reação é a resposta primária de sobrevivência do organismo. Quando a excitação se torna muito alta, o corpo responde com uma ação forte de sobrevivência. Se não é possível lutar o paralisar, a excitação não se dissipa facilmente, causando stress, ansiedade e dificuldade em completar outras respostas adaptativas.
Pessoas que têm problemas de modulação do sistema sensorial têm mais alterações na excitação ou níveis de reações maiores do que o normal. Isto resulta em problemas com a resposta adaptativa porque os sistemas ficam instáveis.
A modulação do sistema sensorial é influenciada pela dieta sensorial da criança. A dieta sensorial é a necessidade essencial, mas mutável, de todos os seres humanos de terem uma ótima quantidade de sensações organizadoras e integrativas sendo registradas pelo Sistema Nervoso Central durante todo o tempo. A dieta sensorial é a acumulação de total de estímulos sensoriais da criança e seus efeitos. Em crianças normais a dieta sensorial age como a única força moduladora externa que o sistema nervoso precisa em circunstâncias normais . Normalmente a criança seleciona uma variedade de estímulos sensoriais para manter os níveis normais de produção.
Geralmente a modulação do Sistema Sensorial flutua dentro de uma variação normal. Crianças que têm problemas de modulação do sistema sensorial apresentam uma variação de resposta muito maior que o normal. Algumas crianças podem reagir de maneira perigosa, de uma superexcitação para um "apagar" psicológico.
O "apagar" parece ser uma resposta do SNA que pode resultar em irregularidades respiratórias e cardíacas e alterações da pressão do sangue que podem produzir queda da consciência e choque. "Apagar" resulta de severas superexcitações as quais o sistema nervoso não pode responder de modo normal. Outras crianças podem experimentar uma variação perigosa no tipo de reação, que também é pouco adaptativa e ir rapidamente de hiperexcitação para hipoexcitação, mas não "apagar". Acredita-se que esse seja um mecanismo de proteção contra sérias descargas sensoriais.
Respostas psicológicas severas são pouco freqüentes mas foram documentadas em pelo menos dois casos. É mais comum uma pessoa severamente sobrecarregada sensorialmente "desligar" os estímulos e parecer hipoexcitada.
Quando o tratamento é iniciado com um criança ela pode rapidamente ir para uma hiperexcitação. Como as estratégias de tratamento são diferentes para crianças hipo e hiperexcitáveis, esta variação precisa ser prevista.
Alterações na modulação sensorial geralmente resultam em habilidades insuficientes para usar a informação.
Algumas alterações decorrentes de problemas na modulação sensorial:
- defensibilidade táctil
- defensibilidade auditiva
- insegurança gravitacional
- inquietação motora
- defensibilidade oral
- defensibilidade olfatória
- desordem do déficit de atenção
Capacidades funcionais de suporte: são aquelas que ajudam na integração e modulação do input sensorial a partir da excitação dos componentes do sistemas sensorial:
- sugar/engolir/respirar
- discriminação táctil
- outras habilidades de discriminação (dos demais sistemas sensoriais)
- co-contração (contração simultânea dos agonistas e antagonistas estabilizando as articulações)
- tônus muscular
- propriocepção
- equilíbrio
- reflexos
- lateralização (dominância lateral)
- integração bilateral
Habilidades produto final: refletem a integração dos níveis de modulação do sistema sensorial e das capacidades funcionais de suporte.
Produtos finais: - Praxias
- Percepção de forma e espaço
- Comportamento
- Aprendizagem acadêmica
- Linguagem e fala articulada
- Tônus emocional
- Nível de atividade
- Domínio sobre o meio
Postulados:
1. se a intervenção envolve muitos sistemas sensoriais e requer integração intersensorial, então será mais efetiva para o obtenção de uma resposta adaptativa.
2. se o terapeuta provê uma situação na qual a criança pode agir sobre o meio, então a criança estará em situação mais favorável para produzir respostas adaptativas.
3. se a criança é auto-dirigida durante a terapia ela estará "auto-alimentando" seus sistemas sensoriais.
4. se o terapeuta provê uma situação que requer uma resposta adaptativa que é apropriada ao momento de desenvolvimento, então a resposta adaptativa será efetiva para promover o desenvolvimento.
5. se o terapeuta provê a criança com um senso de segurança emocional, então a criança estará mais disponível para se engajar ativamente no processo terapêutico.
6. se o terapeuta provê a criança com feedback constante durante a sessão terapêutica, então a criança ganhará um bom entendimento do que está fazendo.
7. se o terapeuta provê atividades que envolvam mudanças controladas e variedade, então a criança estará mais disponível a apresentar uma resposta adaptativa do que a apresentar uma resposta aprendida.
8. se a criança é pouco reativa, então o input sensorial pode ter que ser de grande intensidade e duração para produzir uma resposta adaptativa adequada.
9. se a criança é hiper-reativa, então as respostas adaptativas refletirão mais necessidades de sobrevivência e não integração; isto é, o input do sistema sensorial que deverá ser modificado para que a criança tenha respostas adaptativas adequadas.
10. se o imput sensorial é dado a um sistema, ele influenciará todos os sistemas porque eles são interdependentes.
11. se a dieta sensorial da criança é modificada, então a modulação do sistema sensorial será mais possível de ocorrer.
12. se o nível de modulação do sistema sensorial é normalizado, então as capacidades funcionais de suporte, as habilidades e o produto-final serão facilitados.
13. se o terapeuta encoraja a criança a verbalizar o que ele está fazendo durante a sessão terapêutica, então ela terá maiores possibilidades de construir os processos mentais.
14. se a criança está construindo planejamentos motores, então ela poderá ter maior iniciativa no processo de respostas adaptativas.
2.2 - APLICAÇÃO À PRÁTICA
Neste quadro de referência o objetivo não é ensinar habilidades, mas facilitar respostas adaptativas físicas e emocionais apropriadas.
A intervenção é baseada no conhecimento que o terapeuta tem a respeito do nível de desenvolvimento da criança.
1 - A terapia é um processo dinâmico que envolve tanto ciência quanto arte
A ciência da terapia parte da compreensão da teoria de nosso conhecimento de como essa teoria se aplica ao cliente em particular. A arte da terapia depende da nossa experiência clínica, nossas habilidades de observação e comunicação e da nossa intuição.
A orquestração de cada sessão de terapia é uma arte onde as decisões sobre onde e quando começa a intervenção - considerando o desempenho funcional. Fazer o ajuste habilidoso das atividades de forma que elas promovam o desafio "na medida certa". Criando atividades que "puxem" o sentido interno da criança promovendo auto-direção e crescimento.
2 - O ambiente terapêutico inclui o espaço, as pessoas, os objetos e o componente emocional
O ambiente deve oferecer segurança emocional pois a criança se apega à terapeuta por que se sente aceita e amada. Ele também deve ser positivo e recompensador, deve excluir a necessidade de punição, repressão e outras emoções negativas.
O ambiente deve oferecer segurança física para que a criança possa confiar que ela não vai se machucar nas atividades. O espaço deve ser apropriado e suficiente para proporcionar movimentos amplos, corridas, atividades de pular, escalar, além de objetos e instrumentos de trabalho como bolas terapêuticas, colchonetes, bancos, sistemas de suspensão como balanço, redes, etc.
3 - Componentes das atividades terapêuticas e do sucesso
A criança precisa agir sobre o meio para produzir respostas adaptativas, desta forma, o terapeuta deve se colocar num papel de "brincalhão" e se envolver como um parceiro nas atividades do tratamento, encorajando uma série de atividades e explorações, raramente repetindo uma atividade.
4 - Sequenciando as sessões de terapia
O terapeuta deve abordar as necessidades sensoriais baseando-se na pesquisa, avaliação e observação. Ele também deve preparar o sistema nervoso aumentando ou reduzindo o nível de alerta, assim como tônus muscular e consciência sensorial, utilizando atividades que envolvam estímulos sensoriais (táctil, vestibular, proprioceptivo).
Deve utilizar atividades que promovam respostas adaptativas ao nível do desafio "na medida certa". A criança deve ser ativa, ajudando a mover os equipamentos e iniciando a interação com os mesmos, ao passo que o terapeuta deve introduzir na atividade elementos que promovam respostas adaptativas. Esteja sempre atento para garantir o sucesso, mas não fique interrompendo a atividade com interações físicas ou verbais.
5 - Graduando atividades
Modificar uma atividade geralmente é mais apropriado que trocar de atividade. Escolha e planeje atividades que sejam flexíveis e que permitam modificação/graduação. O nível do desafio deve ser balanceado de acordo com as habilidades da criança. Deve-se variar os requerimentos motores como por exemplo, alternar entre contração e relaxamento de grupos musculares. Deve-se variar também a complexidade da tarefa.
3 - CONCLUSÃO
Através deste trabalho, podemos concluir que para a aplicação do método de Integração Sensorial, devemos ter em mente que é necessário entendermos as "disfunções" do SNC, e não as lesões que estão presentes, portanto, devemos saber que a integração dos sistemas deve-se a uma organização que quando alterada, torna-se ou apresenta-se através de uma hiper ou hiporeação aos estímulos externos de acordo com alteração no SNC.
E podemos também verificar que deve-se utilizar diversos tipos de atividades, não proporcionando sua repetição, porque a variação auxilia na promoção de desafios e melhor crescimento da criança e sua auto-direção.
4 -BIBLIOGRAFIA
BARTALLOTI, Celina C. [Apostila] - Integração Sensorial. São Paulo/1999.
BARTALOTTI, Celina C. [Apostila] - Integração Sensorial: Contribuição e
Intervenção com Crianças Pequenas. São Paulo/1999.
MAGALHÃES, Livia C. [Apostila] – Bases Neurobiológicas da Integração
Sensorial. Agosto/1999. São Paulo.
MICHEL, Daniela [Apostila] - Terapia de Integração Sensorial: visão geral. São
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