As
 tecnologias de apoio são materiais, equipamentos, sistemas que servem 
para compensar a deficiência ou atenuar-lhe as consequências e impedir o
 agravamento da situação clínica da pessoa, permitindo o exercício das 
actividades quotidianas e a participação na vida escolar, profissional, 
cultural e so cial (Instituto Nacional de Reabilitação).
cial (Instituto Nacional de Reabilitação). 
  
       A tecnologia de apoio pretende então auxiliar a pessoa nas diversas actividades em que
 se envolve, nas diferentes áreas de ocupação (actividades da vida 
diária, educação, trabalho, brincar, lazer e participação social), 
procurando promover um melhor desempenho ocupacional.
  
       As
 tecnologias de apoio estão enquadradas num modelo: o modelo pessoa – 
actividade – tecnologia de apoio (em inglês Human Activity Assistive 
Technology Model: HAAT) (Cook & Hussey, 2002). Este modelo tem como o
 nome indica 3 componentes: pessoa, actividade e tecnologia de apoio e 
explora a complexidade da relação entre estes 3 elementos. O contexto é 
igualmente considerado. Existe uma pessoa que deseja envolver-se em uma 
actividade (define o objectivo para o uso da tecnologia de apoio). Cada 
actividade decorre num contexto. A combinação entre o contexto e a 
actividade definem
 as competências da pessoa necessárias para atingir o objectivo 
(desempenhar com sucesso a actividade). se a pessoa tem défices nessas 
competências e não consegue levar a cabo a actividade com sucesso, 
pode-se utilizar as tecnologias de apoio.
  
  
Uma tecnologia de apoio é composta por:
    
        Interface de controlo: é o meio pelo qual a pessoa opera ou controla a tecnologia de apoio. Por exemplo, o joystick de um cadeira de rodas eletrónica.
  
       Processador:
 processa e controla os dados de modo a alcançar o resultado funcional, 
isto é, o objectivo da actividade. o computador é um dos processadores 
mais frequentes.
  
       Resultado da actividade: Resulta da interacção da pessoa e a tecnologia de apoio. Comunicar ou mover-se de um lado para o outro são exemlos de 
  
       Interface ambiental:
 representa a ligação entre a tecnologia de apoio e o mundo exterior (o 
contexto). Dá informação sobre a acção da tecnologia sobre o meio. Um 
computador. Um câmara aplicado a uma tecnologia pode ser um interface.
  
  
Tipologia:
  
       De
 acordo como o ISO (Organização Internacional de Normalização - entidade
 internacional responsável pelo estudo e estandardização destes 
materiais e equipamentos) podemos agrupá-las em:
  
       Tecnologias para tratamento médico pessoal: dispositivos para assistir a respiração da pessoa
 durante a terapia, dispositivos para assistir a circulação da pessoa 
por compressão passiva ou activa, aparelhos de medição da tensão 
arterial, lâmpadas infra-vermelhas, material de injecção (seringas), entre outros.
  
       Tecnologias para treino de capacidades: auxiliares
 para treino de comunicação, de capacidades cognitivas, equipamentos 
utilizados para o desenvolvimento motor (colchões de chão, marquesas, 
rolos, bancos, bancos longos, mesas de trabalho em pé, baloiços, piscina
 de bolas, rampas, skate, bolas, entre outros).
  
       Próteses e ortóteses (talas);
  
       Ajudas para a Mobilidade: andarilhos, cadeiras de rodas, canadianas…
  
       Ajudas para cuidados pessoais e protecção:
 ajudas para vestir e despir (equipamentos que facilitam o tirar ou o 
pôr a roupa, dispositivos para abotoar e apertar, alterações no 
vestuário (velcro em vez de botões, por exemplo); ajudas para higiene 
pessoal (assentos para sanita, sanitas com braç os, cadeiras para o banho/chuveiro,
 tapetes de banho anti-derrapantes, entre outros); equipamentos para 
protecção como capacetes ou cintos para cadeiras de rodas.
os, cadeiras para o banho/chuveiro,
 tapetes de banho anti-derrapantes, entre outros); equipamentos para 
protecção como capacetes ou cintos para cadeiras de rodas. 
  
       Ajudas para cuidados domésticos: talheres, copos e pratos modificados, bases anti-derrapantes para colocar os materiais para alimentação; 
  
       Mobiliário e adaptações para habitação e outros locais: rampas, barras de apoio, modificações no mobiliário, entre outros.
  
       Ajudas para comunicação e informação: computador com software específico, tabelas de comunicação e comunicado res.
res. 
  
       Ajudas para manuseamento de produtos e mercadorias: instrumentos para marcação e indicação através de sinais, símbolos e etiquetas,
 pinças, ajudas para colocação de utensílios de trabalho perto da pessoa
 de modo a permitir o alcance fácil (incluem-se tabuleiros em plano 
inclinado, mesas);
  
       Ajudas e equipamentos para melhorar o ambiente, ferramentas e máquinas:
 ajudas para controlo do clima (temperatura, humidade e ventilação) como
 humificadores, ajudas para controlo de iluminação, entre outros. 
  
       Ajudas para recreação: brinquedos adaptados.
  
  
O papel do TO
  
       O
 Terapeuta Ocupacional tem um papel importante na prescrição e treino de
 tecnologias de apoio. De acordo com o D.L. 261/93, de 24 de Julho e 
D.L. 564/99 de 21 de Dezembro, uma das funções do terapeuta ocupacional é
 o estudo e desenvolvimento das respectivas ajudas técnicas, de modo a 
contribuir para uma melhoria de qualidade de vida. Assim, o terapeuta 
ocupacional está capacitado para coordenar o processo de escolha de uma 
tecnologia de apoio a ser utilizado por um portador de limitações.
 de limitações. 
  
       Neste
 processo poderão estar envolvidos outros profissionais como: médicos, 
fisioterapeutas, terapeutas da fala, oftalmologistas, assistentes 
sociais entre outros.
  
       As
 tecnologias de apoio podem ser atribuídas e financiadas no âmbito da 
reabilitação médico funcional, através do Serviço Nacional de Saúde 
(SNS). Nessa situação, para desencadear qualquer processo de atribuição e
 financiamento de tecnologias de apoio é sempre necessária e obrigatória
 a prescrição médica. 
  
  
O Processo da TO
  
       Escolher
 e entregar uma tecnologia de apoio tem então implicações muito 
significativas na vida da pessoa e que deve ser realizado de um forma 
sustentada e cuidada 
  
       O esquema seguinte mostra as etapas no processo de prescrição de uma tecnologia de apoio.
  
     
                        
  
            
 
  
       Inicialmente deve ser realizada uma avaliação minuciosa antes de entregar uma tecnologia de apoio. 
  
       Com
 base nos resultados desta análise, escolhe-se o produto mais adequado 
às características do cliente. Há então o pedido do produto e depois de 
este ser entregue pode ser sujeito a possíveis adaptações antes de ser 
entregue à criança. A criança e família ou cuidador deverão ser 
treinadas relativamente a modo como deve funcionar o produto.
  
       O
 trabalho do TO não acaba com a entrega da tecnologia de apoio. Tem que 
existir um acompanhamento constante durante o uso e reavaliações 
periódicas, de modo a verificar a sua eficácia e se cumpre os objectivos
 propostos, podendo existir adaptações, modificações ou mesmo 
substituição dos dispositivos.
  
  
  
Tecnologias de apoio no autismo
  
       As
 maiores dificuldades dos autistas são no domínio da interacção e 
comunicação. As crianças com PEA têm dificuldade em compreender o modo 
como funcionam a comunicação e as relações sociais e não têm qualquer 
satisfação nessas actividades. Isto significa que eles não só falham em 
comunicar como não estão motivados para o fazer. 
  
       Nesse
 sentido, com o objectivo de desenvolver estas áreas normalmente 
problemáticas nos autistas é usual recorre-se às tecnologias de apoio 
aplicadas à comunicação: sistemas de comunicação alternativa e 
aumentativa (SAAC). Esta descreve qualquer comunicação que requer algo 
para além do corpo da pessoa para comunicar, como uma caneta, um lápis, 
um quadro de comunicação ou um computador (Cook e Hussey, 2002). Estes 
métodos pretendem então complementar o uso da linguagem (comunicação 
aumentativa) ou substitui-la quando é muito deficitária ou mesmo 
inexistente (comunicação alternativa). As SAAC podem ser utilizadas em 
conjunto com outras intervenções (ABA, TEACCH, etc). 
  
       As
 SAAC compreendem gestos, sistemas de sinais, símbolos, fotografias, 
imagens e palavras escritas, (de acordo com o estágio de desenvolvimento
 da criança). A criança aprende a reconhecer o que a pista visual 
representa, para depois usá-la para se expressar ou para compreender os 
outros.
  
       As
 SAAC podem ser sistemas assentes em objectos reais (por exemplo, 
quadros de comunicação com objectos reais e não imagens) ou então 
símbolos ou imagens representados em livros, quadros, cartazes, 
computadores ou outros diapositivos de comunicação que vão ajudar a 
criança a comunicar. A utilização de gestos também representa um SAAC. 
  
Alguns exemplos de diapositivos de comunicação são:
              
 Alpha talker II e Lighwriter
  
  
      
 
                
Cheaptalk e Sistema Integrado para Comunicação Aumentativa (SICAM)
  
  
  
  
        As
 SAAC – particularmente as que recorrem a estímulos visuais - costumam 
ter bons resultados com autistas, pois a maioria das pessoas com PEA 
aprendem e funcionam bastante através da visão, pelo que o apoio visual 
que estas tecnologias fornecem pode ajudá-los no processo de 
comunicação, independentemente do seu nível do discurso (Francis, 2005).
 Assim, estratégias baseadas na visão vão auxiliar a aprendizagem, 
compreensão e utilização da linguagem falada e é uma maneira alternativa
 de expressar necessidades, desejos e sentimentos.  
  
       Tem
 sido demonstrado que os sistemas de comunicação baseados em imagens e 
figuras, como o PECS, melhora a capacidade de comunicação de indivíduos 
com PEA (Ganz, Sigafoos, Simpson e Cook, 2008). As crianças com PEA 
revelam boas capacidades a nível visuo-espacial e mais facilidade em 
processar informação que está estruturada de modo espacial. Sistemas de 
comunicação como o PECS que utilizam símbolos concretos que estão 
dispostos no espaço são mais facilmente utilizados por estas crianças em
 vez de sistemas que requerem processamento sequencial (Mirenda e 
Mathy-Laikko, 1989).
  
       O
 PECS (Picture Exchange Communication System) é um importante sistema de
 comunicação. Foi desenvolvido por Andrew Bondy e Lori Frost para 
ensinar a
 comunicação funcional para as crianças e adultos com autismo ou outros 
défices de comunicação. Consiste num sistema baseado em figuras, que 
representam acções e objectos presentes na vida diária. 
  
       No
 PECS são as crianças que iniciam o processo de comunicação (são elas 
que iniciam a interacção). A criança dá uma figura, foto de um item 
desejado a um adulto, que reforça esse comportamento,  concretizando esse item.
concretizando esse item. 
  
       O
 treino para a utilização deste método consiste em duas fases, nas quais
 a criança aprende a trocar imagens de itens desejados e a generalizar 
essa competência. Na primeira fase, ensina-se a criança a dar uma imagem
 a um adulto e a receber o item desejado (comida, brinquedo). Existe 
junto à criança, um adulto para lhe dar orientações físicas, que vão 
diminuindo com o treino. Na segunda fase, a criança é instruída a 
localizar o seu quadro de comunicação, detectar de entre várias imagens a
 que quer e entrega-la à pessoa mais indicada (que tem o item 
pretendido). Também se ensina a criança a colocar várias imagens para 
formar frases simples, para assim fazer comentários e as perguntas 
directas. Nesta fase também há um adulto junto da criança, para fornecer
 indicações se necessário.
  
       A principal vantagem do PECS, para além de favorecer o desenvolvimento da linguagem oral, é o ensino da iniciação e intenção da comunicação, o que não acontece com os outros sistemas de AAC (Francis, 2005).
  
  
        Existem outros sistemas de comunicação assentes em símbolos e imagens e símbolos como o  PCS
 (também assente em imagens como o PECS) e o Blizz (método menos 
icónico, mais assente em símbolos abstractos e menos utilizados com 
crianças com PEA).
            
  
  
       O
 melhor modo de garantir uma comunicação eficiente por parte destas 
crianças é estimular uma comunicação multi-modal, isto é, utilização de 
vários meios de comunicação. Por exemplo, a criança tem um quadro de 
comunicação, mas também sabe utilizar os gestos para comunicar. Assim em
 caso de não ter o quadro consigo, a criança continua a conseguir 
comunicar. 
  
       As
 tecnologias de apoio são também muito necessárias em contexto escolar, 
de modo a potenciar as aprendizagens da criança. Existem meios para 
estimular a aprendizagem da leitura, escrita e da matemática. Neste 
âmbito, o computador ( e equipamentos suplementares, como ecrã de toque)
 e o softwares educativos são meios importantes. Os softwares podem ser 
utilizados na sala de aula como um prolongamento da aula, transmitindo 
informação de um modo lúdico.
  
       Existe uma grande variedade de softwares educativos. Alguns utilizados são: 
  
• Passo a Passo 
• Abrakadabra 
• Jogos do Ursinho 
• Continuar a Aprender Através de Jogos    
 
• 102 Desafios 
• A Cabana do Papim 
• 101 Desafios 
• Baú dos Brinquedos 
• Aprender com os Números
 
 
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