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PALAVRAS DA FONOAUDIÓLOGA E MÃE MARILUCE

Eu não vou mudar meu filho porque é autista; eu prefiro mudar o mundo, e fazer um mundo melhor; pois é mais fácil meu filho entender o mundo, do que o mundo entender meu filho.

ESTOU SEMPRE NA BUSCA DE CONHECIMENTOS PARA AJUDAR MEU FILHO E PACIENTES. NÃO SOU ADEPTA DE NENHUM MÉTODO ESPECÍFICO, POIS PREFIRO ACREDITAR NOS SINAIS QUE CADA CRIANÇA DEMONSTRA. O MAIS IMPORTANTE É DEIXÁ-LOS SEREM CRIANÇAS, ACEITAR E AMAR O JEITO DIFERENTE DE SER DE CADA UM, POIS AFINAL; CADA CASO É UM CASO E PRECISAMOS RESPEITAR ESSAS DIFERENÇAS. COMPARAÇÃO? NÃO FAÇO NENHUMA. ISSO É SOFRIMENTO. MEU FILHO É ÚNICO, ASSIM COMO CADA PACIENTE.
SEMPRE REPASSO PARA OS PAIS - INFORMAÇÕES, ESTRATÉGIAS, ACOMODAÇÕES E PEÇO GENTILMENTE QUE "ESTUDEM" E NÃO FIQUEM SE LUDIBRIANDO COM "ESTÓRIAS" FANTASIOSAS DA INTERNET. PREFIRO VIVER O DIA APÓS DIA COM A CERTEZA DE QUE FAÇO O MELHOR PARA MEU FILHO E PACIENTES E QUE POSSO CONTAR COM OS MELHORES TERAPEUTAS - OS PAIS.

Por Mariluce Caetano Barbosa




COMO DEVO LIDAR COM MEU FILHO AUTISTA?

Comece por você, se reeduque, pois daqui pra frente seu mundo será totalmente diferente de tudo o que conheceu até agora. Se reeducar quer dizer: fale pouco, frases curtas e claras; aprenda a gostar de musicas que antes não ouviria; aprenda a ceder, sem se entregar; esqueça os preconceitos, seus ou dos outros, transcenda a coisas tão pequenas. Aprenda a ouvir sem que seja necessário palavras; aprenda a dar carinho sem esperar reciprocidade; aprenda a enxergar beleza onde ninguém vê coisa alguma; aprenda a valorizar os mínimos gestos. Aprenda a ser tradutora desse mundo tão caótico para ele, e você também terá de aprender a traduzir sentimentos, um exemplo disso: "nossa, meu filho tá tão agressivo", tradução: ele se sente frustrado e não sabe lidar com isso, ou está triste, ou apenas não sabe te dizer que ele não quer mais te ver chorando por ele.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

DISTÚRBIOS DE COMPORTAMENTO


Nylse Helena Silva Cunha.

Psicóloga/Unicamp


O atendimento pedagógico da criança portadora de distúrbios severos de comportamento requer uma estrutura muito bem preparada, desde os espaços e equipamentos até à equipe especializada. Embora sempre dentro de um grupo, seu atendimento necessita atenção individualizada. A programação de suas atividades não pode restringir-se a objetivos voltados para conteúdos programáticos escolares mas, deve estar inicialmente voltada para a melhoria da qualidade de vida da criança, através de uma melhora de comportamento que facilite sua integração na família e na sociedade. Para que haja consistência no trabalho desenvolvido é preciso que tenha um bom embasamento teórico e em uma filosofia educacional que o inspire.

 A educação é um processo dialético que acontece como fruto da interação entre seres humanos e entre eles e as estruturas nas quais estão inseridos. É um processo dentro do qual o aprender e o ensinar são simultâneos. Assim sendo, para que a instituição possa criar condições favoráveis e facilitadoras deste processo, que é global, precisa ser um espaço no qual tudo leve à promoção do desenvolvimento humano. Um espaço que estimule a manifestação de potencialidades, a integração e o crescimento individual, grupal e social. A preocupação com o desenvolvimento deve abranger todas as pessoas envolvidas, tanto alunos quanto pais, professores, técnicos e funcionários. É muito mais do a aplicação de métodos ou conhecimentos; trata-se da participação num processo que inclui uma forma de convivência baseada numa escala de valores oriunda de uma filosofia de vida. As estratégias adotadas para o manipulação dos problemas de comportamento, não só tem que estar coerentes com a filosofia educacional da Escola, mas também não podem prejudicar o processo terapêutico.

A grande questão da abordagem educacional dos distúrbios de comportamento pode situar-se no hiato existente entre o processo terapêutico, baseado no pensamento causal e a prática educacional cotidiana. Os terapeutas, psiquiatras e psicólogos, tem como foco de seu trabalho as causas geradoras dos distúrbios; com essa finalidade realizam um trabalho que pode ser mais profundo e demorado, mas os educadores lidam com os comportamentos de superfície e tem que enfrentar as emergências que ocorrem no cotidiano da criança perturbada. O psiquiatra pesquisa as causa do sadismo de uma criança, mas o educador, terá que resolver a situação da faca apontada para o coleguinha antes que ela o atinja. A intervenção terá que ser imediata e eficiente, afim de evitar que a agressão aconteça mas, deverá também ser asséptica para não interferir negativamente no processo terapêutico.  Esta não é uma tarefa fácil porque exige muito preparo e equilíbrio psicológico mas, intervenções planejadas podem constituir-se num instrumento terapêutico também.



AS INTERVENÇÕES EDUCACIONAIS PLANEJADAS



A intervenção pedagógica dentro da Escola, parte de um estudo que abrange a análise do diagnóstico e dos relatórios psiquiátrico, psicológico, neurológico, pedagógico e social. A discussão do caso com a equipe técnica objetiva também a compreensão da criança enquanto pessoa, o levantamento de suas necessidades e das prioridades para a elaboração do planejamento e das intervenção.  Em outras palavras, é preciso aprender a criança e apreender suas características.  Para que a atuação educacional não seja uma violência contra sua condição limitada, deve respeitar suas possibilidades de realização pessoal e sua forma de expressão. Para isso podemos ter de aprender a respeitar outros padrões estéticos e culturais.

Esta posição requer não apenas conhecimento sobre a patologia, mas também sensibilidade para identificação de elementos essenciais à preservação da integridade e do auto-conceito da criança. São também necessários discernimento e disponibilidade para lidar com situações inusitadas que podem surgir.

 A intervenção pedagógica precisará transcender técnicas e estratégias e criar oportunidades para valorização da condição humana e para formação de vínculos; o tratamento médico pode estar baseado nos diagnósticos das anomalias, mas a educação deve explorar potencialidades. As atividades propostas deverão ser bastante significativas, caso contrário não serão determinantes de equilíbrio físico e emocional; se forem impostas, poderão destruir a motivação não somente para aquela atividade mas para a participação também em outras circunstâncias. A atmosfera lúdica e afetiva é muito importante para manutenção da alegria e do entusiasmo. Para que isto seja possível, toda a equipe precisa ter condições psicológicas especiais e contar com apoio da estrutura técnica e administrativa na instituição como um todo.

 A filosofia educacional que fundamenta o trabalho precisa ter sido internalizada não só pelos profissionais que atuam mais diretamente com a criança mas também por todas as pessoas que tenham algum tipo de relação com ela. Para que isto seja possível, seus princípios e escala de valores devem ser discutidos em grupo, vivenciados em situação de psicodrama e revisados em sessões de feed-back. A seleção e a preparação das pessoas envolvidas neste trabalho é fundamental porque a aplicação de qualquer método ou recurso pedagógico, irá depender de qualidades pessoais do educador para que alcance bons resultados. O objetivo geral do trabalho é a melhoria da qualidade de vida da criança e de sua família, para isso. Na elaboração do planejamento é fundamental a seleção de conteúdos significativos, razão pela qual, é tão importante conhecer o ambiente familiar e o nível de desempenho da criança em suas atividades de vida diária.



DESENVOLVIMENTO DA CONCENTRAÇÃO DE ATENÇÃO

O primeiro passo para intervenção, após a observação e o estudo das peculiariedades da criança,é conseguir direcionar sua atenção, tarefa esta nem sempre fácil. Nos casos de hiperatividade possivelmente teremos que contar com a ajuda de uma tratamento neurológico e... ter muita paciência.

Para o aumento gradativo do nível de concentração de atenção algumas estratégias podem ser utilizadas:

• intervir no sentido de interromper o alheamento e os comportamentos estereotipados

• estimular as percepções sensoriais

• sensibilizar a criança para o seu próprio corpo

• procurar despertar o interesse para objetos, atividades ou brinquedos que proporcionem respostas rápidas

• provocar a focalização do olhar

• explorar qualquer pista de manifestação de interesse

• aprofundar interações

• desafiar concretamente

• proporcionar sucesso no desempenho de propostas bem curtas e ir aumentando gradativamente, sempre dentro de limites que possibilitem sucesso

• Favorecer o desenvolvimento do auto-controle através da interiorização de controles externos.

É preciso sempre estar atento para as peculiaridades da criança para poder manejá-las de forma eficiente e selecionar brinquedos e outros materiais que desafiem sua atenção. Estas crianças não tem condições de valorizar ganhos futuros, sublimar frustrações ou adiar satisfações, assim sendo, precisam de jogos que proporcionem respostas rápidas.

As crianças autistas podem ter dificuldade para fazer associações, para imitar ou representar mentalmente. Sendo muito seletivos, concentram se em um único detalhe e uma pequena mudança no ambiente pode fazer com que não reconheçam mais o todo. Poderão fazer pareamento de figuras iguais

mas não ser capazes de associar a figura ao objeto representado ou ao seu nome.

Os comportamentos estereotipados são bastante freqüentes. Algumas vezes os comportamentos estranhos são a única forma de expressão que a criança que não fala encontra para manifestar-se e sentir-se viva, por esta razão é tão importante desenvolver algum tipo de comunicação alternativa com ela.

Não basta tentar inibir esses comportamentos, é necessário compreende-los Redl e Wineman sugerem algumas técnicas antisépticas para intervenções planejadas que merecem ser analisadas.



CAPITULO IXX do Livro Transtorno Invasivo do Desenvolvimento.

SEÇÃO III –TEMAS PEDAGÓGICOS

Walter Camargo  Jr e Colaboradores.

Ed. CORDE, DF. 2005.







Distúrbios de Comportamento - parte 2
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(Segunda parte do texto de Dra Nylse Helena Silva CunhaDo livro: Transtornos Invasivos do Desenvolvimento”SEÇÃO III–TEMAS PEDAGÓGICOS CAPITULO IXXDISTÚRBIOS DE COMPORTAMENTO Técnicas antisépticas para intervenções planejadas

 1.     INDIFERENÇA PLANEJADA

 Avaliar o comportamento de superfície e limitar a interferência aos casos em que ela seja realmente necessária para impedir que o processo evolua ou contamine o grupo. Boa parte do comportamento da criança traz em si mesmo uma carga de intensidade limitada que desaparece tão logo a carga se esgota.

Algumas vezes o comportamento indesejado surge apenas como um meio de chamar a atenção e se esvazia ou é redirecionado quando não alcança o objetivo desejado.

 2. INTERFERÊNCIA SINALIZADORA

•Às vezes a criança age de forma inadequada apenas porque o seu ego ou super-ego não estão vigilantes; bastará uma sinalização para que assuma o autocontrole, ou então pode ter-se deixado seduzir pela vontade de desafiar alguém mas, uma sinalização enérgica faz com que desista.

Mas existem situações nas quais a sinalização é contra indicada, como por exemplo quando a relação do adulto com a criança não está boa (é preciso ter

crédito para poder ser respeitado) ou quando o comportamento tem um padrão muito complexo, por servir a objetivos patológicos.

 3. PROXIMIDADE E CONTROLE PELO TOQUE

Muitas vezes a proximidade de uma pessoa calma e segura dá tranquilidade a criança; não a presença ameaçadora mas a presença que garante que tudo vai correr bem. O toque amigo significa que “estou com você”, diminuindo até extinguir a restrição. A adequação do espaço ao problema de comportamento que a criança apresenta é fundamental para não propiciar situações de risco assim como a presença de objetos que possam estimular comportamentos inadequados. Também o vestuário pode precisar ser adaptado quando se trata de crianças sem condições de avaliar a conseqüência de seus atos. Um menino que tira os sapatos constantemente, de forma compulsiva, pode ter de usar um “quédis” bem amarrado, até perder este hábito. A colocação de chaves nas portas por onde os alunos não devem passar pode ser um recurso utilizado

temporariamente até que o hábito se modifique mas, quando em se tratando de indivíduos com possibilidade de auto controle, seria um menosprezo ao autocontrole a utilização de um recurso como este, razão pela qual, é indispensável o discernimento do educador para saber qual o recurso a ser utilizado.

Este procedimento encontra resistência por parte de alguns educadores mais rígidos mas, é eficaz no início do processo educacional por que diminui as áreas de conflito, assegurando melhores condições até que o processo terapêutico esteja mais avançado. Deve ser utilizado apenas provisoriamente.

 13. REMOÇÃO ANTI-SÉPTICA

A retirada da criança do grupo é uma medida de emergência, utilizada quando seu comportamento descontrolado atingiu uma intensidade tal que outras  formas de contenção não foram eficientes. A retirada pode acontecer em função do direito do resto do grupo a continuar trabalhando ou em benefício da criança mesma que não está com condições de permanecer no ambiente. Mas tanto num caso como no outro, ela não pode acontecer de forma punitiva. A criança é convidada a se retirar por que está sem condições pessoais de permanecer no grupo mas assim que melhorar poderá voltar. A retirada deve feita como medida de apoio para ajuda-la a readquirir o autocontrole e não como uma expulsão por mau comportamento. O professor do grupo permanece na sala pois se acompanhasse a criança perturbada estaria de certa forma premiando o comportamento inadequado dando-lhe atenção especial. Uma outra pessoa a recebe e maneja o seu comportamento com o sentido de acalma-la. As atividades do grupo continuam sendo realizadas e na maior parte dos casos, a criança que saiu pede para voltar ao grupo porque quer participar das atividades.

 14 - CONTENÇÃO FÍSICA

Realizada não como castigo mas como uma manipulação anti-séptica. Não levando a sério a agressividade ressaltamos a irracionalidade do comportamento.

15 - PERMISSÃO E PROIBIÇÃO AUTORITÁRIA

Para influenciar o comportamento de superfície num determinado momento . Damos a permissão para retirar do comportamento a carga de ansiedade e culpa.quando a criança está agindo por oposição, tudo perde a graça quando há a permissão. Com isto eliminamos também aquele “ar de rebelião triunfal “ e mantemos o comportamento em nível controlável. A proibição autoritária é teoricamente indesejável mas funciona em certas situações, quando o controle

parece ter sido perdido. Um “CHEGA” sem hostilidade mas com firmeza, pode interromper um processo de excitação e facilitar o redirecionamento.

16 - PROMESSAS E RECOMPENSAS

Para que promessas e recompensas sejam eficazes no controle dos comportamentos é necessário que a criança seja capaz de estabelecer relação entre uma recompensa futura e os seus atos, o que seria muito difícil para estas crianças. Provavelmente receberiam a recompensa como uma espécie de “golpe de sorte” e não como uma conseqüência de seus atos. Considerando-se a curta duração de suas intenções e a incapacidade de manter resoluções, a promessa de recompensa não alcançaria resultados profícuos.

Outro fator que tem que ser levado em conta, em se tratando da convivência em grupo, é a rivalidade, ou seja, a incapacidade de aceitar uma distribuição desigual, de acordo com o merecimento de cada um. A atribuição de recompensa diferente, ou até mesmo só em momento diferente, a quem fez jus, não será recebida como ato de justiça mas sim como uma preferência pelo outro, o que irá aumentar o sentimento de rejeição. O melhor será sempre que a recompensa seja a própria realização da tarefa, a aquisição de um novo conhecimento ou a conquista de mais um passo no caminho do autocontrole.

Agindo por motivação intrínseca, o prazer situa-se na própria atividade e não se está estimulando o enfoque mais utilitarista da motivação extrínseca. A abordagem construtivista certamente é mais transformadora.

17 - CASTIGOS E AMEAÇAS

Dentro da Escola Especial a hipótese de castigo não existe, existe sim a conscientização sobre as conseqüências da ação incorreta. Alem do mais, os

castigos são recebidos pela criança com o sentido de uma vingança pessoal do  adulto, como um ato agressivo de exercício de poder. A análise das diferentes formas de intervenção planejada no controle dos distúrbios de comportamentos abordados, contribui para enriquecer as possibilidades de atuação correta sobre os comportamentos de superfície dentro da visão terapêutica psicanalítica, e da abordagem se não construtivista, pelo menos, não behaviorista.

Quando além do distúrbio de comportamento a criança apresentar deficiência mental acentuada, outros aspectos precisam ser considerados:

• a compreensão do comportamento como forma de expressão de alguém que não sabe se comunicar,

• a escolha de palavras significativas para advertências ou orientações. Não adianta falar muito, é melhor falar pouco e sempre utilizando as mesmas palavras,

• utilizar linguagem não verbal também,

• intervenção em cima da hora em que o fato ocorre, não adianta falar depois ou fazer ameaças futuras.

Convém ressaltar que nenhuma técnica é infalível, dependerão sempre do senso de propriedade com que forem aplicadas. O conhecimento das técnicas de intervenção é importante apenas para que o educador disponha de maior número de recursos na sua prática educacional. mas, são a sensibilidade e a perspicácia da pessoa que as aplica que orientarão a seleção das estratégias mais indicadas para uma determinada situação.

A manutenção de uma rotina dinâmica e bem estruturada constitui a base sobre a qual o trabalho educacional se desenvolve. Dentro desta rotina, o estabelecimento dos Hábitos de Vida Diária são fundamentais.

Grande número de crianças autistas chega à Escola ainda sem controle esfincteriano e com hábitos alimentares bastante diferenciados, razão pela qual, o treino das atividades de vida diária é parte tão importante no seu processo educacional. O estabelecimento de hábitos higiênicos, alimentares e posturais corretos é fundamental para que a criança consiga um nível de desempenho que possibilite sua integração na família e na sociedade. É necessária a manutenção de uma rotina diária bem estruturada para que estes hábitos possam ser assimilados e estabelecidos. Um bom instrumento para registro avaliativo, pode ajudar a família e a Escola a programarem este trabalho em conjunto.

A rotina é fundamental para a estruturação de um bom programa de atividades para crianças autistas. Precisa ficar claro para ela o que se espera que faça em

cada ambiente. As crianças se desenvolvem através de sua interação com o ambiente que as cerca; como a criança autista se isola, perde muitas oportunidades de estimulação alem do que, tende a fixar-se em algumas aprendizagens que conseguiu. Por outro lado, pode não transferir o que aprendeu deixando manifestar certos desempenhos se houver alguma mudança no ambiente.

Embora o trabalho com estas crianças precise ser estruturado, é importante que ela tenha períodos livres para fazer o que lhe dá prazer.

AS ATIVIDADES LÚDICAS

Andar, pular, balançar-se, nadar ou brincar na água,podem ser atividades que dão prazer. Mas, em se tratando de brinquedos, os resultados podem ser bem

diferentes do esperado. As crianças autistas não apresentam a brincadeira

simbólica, não imitam e não tem fantasias. Por não tomarem conhecimento dos outros, não sentem sua falta e não tem capacidade de lhes atribuir sentimentos, estados mentais ou intenções. Vem daí a falta de desejo

ou fantasia. Tem dificuldade em imitar também por alteração na aquisição da noção de esquema corporal e por não introjetarem a própria imagem. As estereotipias de seu comportamento o mantém isolado.

Na BRINQUEDOTECA não reagem como as outras crianças pois não demonstram interesse pelo ambiente nem pela variedade de brinquedos. Continuam suas  estereotipias, manuseando brinquedos apenas como qualquer objeto que usem em suas atividades repetitivas não funcionais. Tem atração por objetos que giram e fazem girar tudo o que podem, de rodas a pratinhos, com grande habilidade. Não percebem o que eles representam e os utilizam como objetos sensoriais autísticos não diferenciados do seu próprio corpo.

Na verdade, pode-se dizer que eles não distinguem entre pessoas vivas e objetos inanimados, entretanto parecem gostar mais de bonecas grandes do que de pessoas, porque as bonecas são sempre as mesmas, não mudam como as pessoas.

Em razão de sua dificuldade para abstrair e pensar simbolicamente, não são capazes de imaginar o que os outros sentem. Não chegam ao outro o suficiente para desejá-lo, sentir sua falta ou imaginá-lo, muito menos representá-lo.

Para o autista, o brinquedo não é um convite ao brincar, mas alguma coisa que pode servir ou não para ser manipulada de forma estereotipada.

“O uso protetor, indiossincrático de objetos sensoriais autísticos impede a utilização dos objetos segundo um modo de brincar normal. Sem brincar e sem vida normal de sensações, o desenvolvimento mental não é estimulado” (Araújo, Ceres ).

É preciso ensinar-lhe o uso funcional dos brinquedos, mas teremos que selecionar brinquedos que proporcionem resposta rápida, aqueles em que basta tocar para que alguma coisa aconteça pois, como não mantém a atenção concentrada, terão que encontrar resposta rápida para não desistirem.

Embora sejam hiperativos, podem permanecer bastante tempo em um atividade que aprendem, por exemplo, encaixar as peças de Lego. Dificilmente irão criar coisas interessantes mas poderão ficar bastante tempo entretidos em repetir o ato de encaixar as pecinhas.

É preciso lembrar que o conceito de lúdico está associado ao prazer que é um sentimento subjetivo, que não pode ser padronizado. Determinadas formas de lazer podem ser muito desagradáveis para a criança autista, como por exemplo passeios a lugares novos muito movimentados.

Quando tentamos dar prazer a uma criança autista, precisamos antes entrar em empatia com ela para captar o que seria adequado a sua forma de expressar-se. Fazer o que ela está fazendo pode ser um bom começo, uma

forma de estabelecer comunicação . Procurando imitá-la, partiremos da sua sintonia para criar outras possibilidades.

Brincar é uma forma de expressar-se, é uma atividade que deve começar do interior da criança. Os brinquedos são um convite ao brincar para aqueles que

percebem sua mensagem ou pelo menos, sua existência. Mas se a criança não percebe o que está ao seu redor, pouco ou nenhum significado tem para ela.

Nestes casos é preciso tocá-la de forma a fazê-la perceber o estímulo que o brinquedo poderá oferecer.

Como qualquer outro ser humano, a criança portadora de distúrbios invasivos de desenvolvimento, precisa ter uma qualidade de vida que, partindo do seu bem-estar físico, alcance também alguma felicidade, algum prazer de viver. Mas, para isso, as pessoas que com ela interagem, precisam descobrir o que lhe dá prazer para, partindo desta descoberta, caminhar junto para que ela possa adquirir outros níveis de satisfação e enriquecer assim sua qualidade de vida.

 (As técnicas acima citadas por Nylse Helena Silva em seu artigo “DISTÚRBIOS DE COMPORTAMENTO” foram sugeridas por Redl e Wineman).



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