Muitas das crianças pequenas com o diagnóstico de autismo, além da dificuldade decomunicação, socialização e comportamento tem dificuldade de movimentar seus corpos no espaço. É comum que sejam “estabanadas” que derrubem as coisas, trombem nos colegas, empurrem outras pessoas ou se movimentem de forma muito jovem para a idade que tem.
Constantemente, por uma questão de sistema vestibular, elas ainda precisam dos olhos para manter o equilíbrio e perceber a relação de seus corpos e movimentos em relação ao ambiente que estão, com isso, seu foco de atenção fica comprometido, comprometendo também a maneira com que elas conseguem explorar o mundo à sua volta, o que inclui a relação com as pessoas.
Em idade precoce, se faz necessário que se aprenda sobre a vida através de brincadeiras. A brincadeira é a forma mais eficaz de ajudar as crianças pequenas a aprender como efetivamente compartilhar suas experiências com outras pessoas e antecipar o que vai acontecer a seguir.
As crianças se beneficiam de uma variedade de experiências sensoriais com a mãe, pai ou adultos próximos, o que ajuda a integração sensorial e dá suporte aos seus corpos entenderem o que estão experimentando. É importante observar que experiências sensoriais são EMOÇÕES, o que se toca, vê, ouve, cheira e saboreia.
Jogos antecipatórios: Um ótimo canal de interação com as crianças é através de brincadeiras físicas. Existe uma variedade de estratégias a serem exploradas para ajudar com que as crianças com autismo compartilhem a alegria que experimentam quando brincam dessa maneira a fim de AMPLIAR a sua alegria com a mãe, pai ou adulto que está com ela. Uma das estratégia inclui trabalhar o olhar e assim é possível o compartilhamento nossas emoções positivas. Este processo é chamado de amplificação e ajuda a garantir um vínculo saudável e positivo entre a criança e seus cuidadores importantes. Depois de estabelecer uma rotina previsível, também devemos incentivar a criança a olhar para nós ANTES de o pegarmos para brincar com ela. Isso ajuda a criança a entender que o contato visual é comunicativo e faz as coisas acontecerem, reforçando um desejo natural de aumentar o uso social do contato visual.
Por exemplo, quando fazemos barulhos tipo ohhh, ahhhh, grrrr, chama a atenção da criança que acaba voltando o olhar para nós, essa atecipação do que vamos fazer com a criança dentro de uma brincadeira é importantíssima. É essa antecipação que trabalha a manutenção da atenção e o “estar atento” ao mundo à nossa volta. Como a fala é uma dificuldade para muitas das criançaspequenas diagnosticadas com autismo e as interações sociais também, é importante criar um meio, um atalho para que a criança inicie essas interações de uma forma mais fácil, com um gesto, um movimento com o corpo. Isso é importante também porque o gesto é mais fácil de ensinar, uma vez q podemos mover a mão dela, o que não acontece com fazê-la falar. Para a interação ser proveitosa no desenvolvimento da criança ela precisa acontecer, isso quer dizer, a criança precisa poder iniciar a interação e não ser somente entretida.
Antecipar o que vai acontecer a seguir: O contato visual é o primeiro passo para ajudar as crianças a aprender a antecipar o que vai acontecer a seguir. Ter um papel a desempenhar nas interações também é importante para as crianças aprenderem essa anetecipação. Mantê-las envolvidas na atividade ajuda com que aprendam sobre a rotina e padrões associados com o que estão vivênciando ao invés de “ficarem presas” ao que se passa somente dentro de suas próprias mentes. Assim, também aprende-se a expandir a capacidade de atenção, planejar motoramente seu corpo, coordenar com os outros, organizar-se no espaço e no tempo, etc
Além disso, é importante que as crianças pequenas trabalhem seu planejamento motor tanto quanto possível durante todo o seu dia. Muitas vezes é necessário que se dê suporte para que elas sejam capazes de explorar os movimentos de seus corpos, mas este suporte não pode interferir no trabalho muscular e de sequenciamento da criança em executar pequenas tarefas, em outras palavras, este suporte é a ajuda necessária para que a criança faça por si e não fazer por ela. Existem muitas oportunidades durante todo dia que permitem que as crianças trabalhem seus corpos para completar tarefas de forma independente ou oportunidades em que podemos mostrar seus corpos como fazer uma tarefa: desde subir na cadeira do carro até colocar o cartão de crédito na máquina da loja. Nenhuma tarefa é muito pequena ou insignificante e as crianças precisam de TODAS a experiência que elas puderem ser expostas. A crianças pequenas, em geral, precisam de muita prática para organizar seus sistemas motor.
Quanto mais a criança for motoramente envolvida nas atividades, mesmo que fisicamente movendo seu corpo para que ela participe, mais ela conseguirá focar a atenção na atividade, Somente se ela focar a atenção é que conseguirá aprender. O principal objetivo das habilidades sociais é aprender com o outro, é ter um mentor ou guia. Tendo um adulto que consiga implementar estas estratégias que organizam o sistema sensorial da criança e assim “abri-lo” ao aprendizado desenvolverá o verdadeiro significado das habilidades sociais, que é o compartilhamento de experiências.
As crianças precisam dos adultos em sua vida para guiá-los, fazer excessivas perguntas, principalmente quando a situação não depende da decisão da criança gera mais ansiedade do que necessário, e isso torna nos momentos de transição ainda mais desafiadores. Seja decisivo com suas palavras e faça declarações. Use uma linguagem lúdica e divertida para que elas saibam o que esperar e que as situações são fatos e não controle ou descontrole da vida. Por exemplo, é mais fácil para as crianças entenderem e organizarem seu sistema motor quando as pessoas dizem coisas como, "Sapatos" e então buscam os sapatos e ao invés de perguntar-lhes: "onde estão seus sapatos?". Fazer perguntas ou pedir coisas que a criança não pode responder só irá ensiná-la que a linguagem é inútil e confusa.
Para crianças não-verbais ou ainda pré-verbais é necessário que se limite a quantidade de linguagem usada na comunicação com elas, a fim de ajudá-las a aprender melhor a fala. Por exemplo, dizer-lhes frases de 3-5 palavras para pedir algo ou fazer alguma coisa é muita informação para as crianças não-verbais processarem. Isso faz com que seus sistemas de linguagem fiquem sobrecarregados e a única opção que elas tem é o de evitar a interação ou ignorar o adulto. Se limitarmos a nossa comunicação para frases de 1-2 palavras e mover o corpo da criança para coordenar com o que estamos dizendo, aumentamos a probabilidade da imitação verbal do que foi dito e ao mesmo tempo ela EXPERIÊNCIA o que as palavras significam.
Bons comunicadores não-verbais tem mais chances de se tornarem bons comunicadores verbais. Ensine a criança a fazer gestos, apontar, etc Faça a orientação mão-sobre-mão e MOSTRE-lhe como mostrar-lhe as coisas, aponte para as coisas etc. Mostre-lhe EAXATAMENTE o que fazer com as mãos e quando fazê-lo.
As crianças verbais ou não-verbais precisam de um sistema de comunicação efetivo.Sem ter como se comunicar, a alternativa que seus cérebros encontram como efetiva é protestar através de seus comportamentos, isso, geralmente força as pessoas a entrarem em sucessivas tentativas (muitas vezes frenéticas) em advinhar a necessidade ou vontade dessa criança. É mais saudável para todos os envolvidos que se ensine à criança a usar gestos convencionais (apontar, trazer algo para a mãe para que ela abra para ele, etc) e o uso de troca por figuras (PECS). O ideal é que a criança, mesmo as verbais, tenham uma variedade de estratégias socialmente apropriadas de comunicação e usá-las simultaneamente.
- Connector rx-
O Connector pode ser uma ferramenta muito útil. Com o uso doConnector, a criança pode aprender a prosseguir e parar quando o adulto prossegue ou para numa caminhada juntos. O adulto também aprende a diminuir o passo e a mover-se em um ritmo que mantém a criança ATRÁS ou AO LADO dele. Quando a criança se coloca à frente do adulto, ela sente que esta liderando, e o trabalho do adulto torna-se mantê-la segura enquanto ela faz o que quer. Essa relação pode ser exaustiva. A criança acaba por se frustrar mais quando lidera uma situação porque não consegue entender a razão de não poder tomar TODAS as decisões, algumas que até a colocam em risco.
Quando a criança é guiada a ficar ligeiramente atrás ou ao lado do adulto enquanto com o Connector ela fica mais “at ease” (relaxado e flexível) em suas experiências. Isso proporciona que a criança seja corrigida menos vezes durante seu dia. Geralmente, as crianças ouvem “não”, “pare”, “volte aqui”, etc. Com o uso do Connector, os adultos não tem que segurar a criança para mantê-la segura, desta forma os adultos podem usar um toque mais positivo para guiar e dar suporte ao desenvolvimento da criança. Com menos correções, abre-se espaço para interações sociais mais positivas e uma variedade maior de vocabulário.
Com o uso do Connector nas atividades do dia-a-dia, os adutos conseguem mais facilmente guiar a criança em como planejar motoramente e seqüênciar seus movimentos, por exemplo, no supermercado, é possível ajudá-la a colocar os objetos no carrinho, participar das escolhas, trocar olhares e experiências, percepções sobre as embalagens, transformando esta rotina em uma oportunidade para alavancar experiências diárias ensinando linguagem, habilidades sociais e cognitivas à criança.
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