Tradução
e excerto: Andréa Simon
Pessoas com
Autismo freqüentemente têm dificuldades sensoriais. Eles podem ter hiper ou
hipoatividade sem a habilidade de integrar a ação ao sentido.
A integração
social normalmente é feita por um terapeuta ocupacional ou fonoaudiólogo, com o
objetivo de sensibilizar o autista e ajudá-lo a reconhecer as informações
sensoriais. Por exemplo, se o autista tiver dificuldades com o sentido do
toque, a terapia deve incluir vários materiais com diferentes texturas. Temple
Grandin, que é autista, criou uma “Squeeze
Machine” (máquina do aperto) com pressão profunda, “deep pressure”, para ajudá-la a tolerar o toque de outras pessoas.
A Doutora A.
Jean Ayres, terapeuta ocupacional, desenvolveu um programa de tratamento
chamado “Sensory Integration Therapy” (terapia de integração sensorial),
atualmente bastante usado com autistas nos Estados Unidos. A Dra. Ayres começou
a trabalhar com indivíduos com dificuldade de aprendizagem e o método foi
generalizado para todas as pessoas que tivessem dificuldades com integração
sensorial.
A população
normal desenvolve a integração sensorial naturalmente, brincando, movimentando-se
naturalmente no ambiente, enquanto que as pessoas com disfunção de interação
sensorial não conseguem processar as sensações relacionadas com suas
atividades. Como conseqüência estes indivíduos não conseguem desenvolver e
ajustar as respostas que o cérebro organiza. Terapeutas com treinamento em
integração sensorial podem diagnosticar como o individuo está processando essa
integração e desenvolver para ele um ambiente que lhe permita interagir com
mais afetividade.
O terapeuta orienta
a pessoa na escolha de atividades que ajudarão no desenvolvimento do cérebro.
Uma vez que se inicia a terapia de integração sensorial as atividades a ela
correlacionadas deveriam ser acompanhadas e compartilhadas no dia a dia pela
família, pela escola e pelas outras pessoas que participem da vida daquele
individuo.
Uma das
propostas dessas atividades é organizar o que o individuo está recebendo de
várias fontes sensoriais e facilitar o desenvolvimento de funções de interação “A habilidade de organizar as sensações
vindas do corpo e para dar uma resposta adequada para elas, ajuda o cérebro a organizar
outras funções” ().
Algumas Atividades Recomendadas:
v Brushing Therapy (terapia com escova)
Esta terapia
usa uma escova pequena e macia para escovar as costas, braços, mãos, pernas e
pés (não escove a barriga) do individuo com disfunção sensorial por 3 a 5
minutos. Essa operação deverá ser executada a cada 90 minutos ou de 2 a 2
horas. Esta técnica pode acalmar e, em alguns casos, alertar o sistema
sensorial.
ATENÇÃO: Se a
terapia da escova não for feita corretamente poderá ter um efeito negativo. Tanto
a escova como o ato de escovar deverão ser apropriados para evitar efeitos
prejudiciais.
v Deep Pressure Therapy
(terapia de pressão profunda)
Atividades
que podem oferecer profunda pressão são: pular em uma cama elástica, “sanduíche”
(colocar o individuo entre dois colchões), pular em uma grande bola de terapia,
algumas atividades marciais, alguns exercícios de balé, pular, abraço bem
forte, colete com pesos.
v Dieta Sensorial
A “Dieta
Sensorial” é baseada na idéia de que cada indivíduo necessita uma certa
quantidade de atividades e sensações para ser efetivamente alerta, atento,
adaptável e habilidoso. Cada indivíduo tem sua necessidade específica de
requisitos nutricionais para desenvolver e manter um nível de funcionamento
adequado de seu corpo e mente.
As
atividades ajudam as pessoas com distorção na percepção sensorial e
processamento dos sentimentos diminuindo o nível de excitação por algum tempo e
podem também oferecer o aumento da concentração e da estimulação sensorial.
RECOMENDAÇÕES:
Reconhecer quando a
pessoa está exibindo a necessidade de estimulação sensorial.
Evitar sobrecarregar
- Use a reação do individuo para tomar as decisões sobre quando as atividades
sensoriais devem ser feitas e quanto tempo que elas devem durar.
Implementar as
atividades sensoriais no cotidiano (como parte das ações diárias).
Incorporar reforços
dentro das atividades diárias da criança.
Usar técnicas de
estímulo antes das tarefas cognitivas e de linguagem. O aumento de estímulo
pode facilitar o desenvolvimento e ampliação da linguagem.
Providenciar
atividades que produzam estimulação sensorial e que serão aplicadas quando a
pessoa demonstrar a necessidade interna de concentração e estimulação dos
sentidos para desempenhar uma atividade especifica.
Terminada a atividade
de estímulo, substituí-la por uma atividade calma.
Providenciar uma
área tranqüila que seja definida com limites e permita ao indivíduo trabalhar e
ganhar reforços para seus sentidos.
v
Oral-Motor
Stimulation (estimulação oral)
Bebês
exploram o mundo colocando objetos na boca. Esta ação satisfaz a necessidade de
estimulação oral que eles têm e dependerá da necessidade sensorial de cada
criança.
Pessoas com
disfunção motora oral necessitam usar a boca para muitos propósitos. Exemplo:
adultos que têm a mania de mastigar a tampa da caneta.
Para
aumentar a estimulação oral podem ser adotadas algumas atividades para acalmar
e organizar o corpo e suas funções como, por exemplo, chupar, apitar, assobiar;
assoprar bola de ping-pong ou algodão pela mesa, assoprar bolinha de sabão;
tomar iogurte com polpa de frutas com canudo (que tenha dificuldade em chupar),
por exemplo. Esse esforço acalma.
Outras
atividades:
ü Assoprar, ajuda a desenvolver a respiração adequada importante
para fala.
ü Mastigar ajuda a organizar o cérebro.
ü Mastigar
ruidosamente comidas como pipoca,
cenoura, aipo e outros vegetais crus, ajuda a alertar.
Se o
individuo não responder bem às técnicas de intervenção sensorial suspenda as
atividades.
A superestimulação
pode acontecer causada por:
a) ambiente ou
fatores fisiológicos como luz, barulho, temperatura, cheiro, toque, fome,
doença etc.
b) pessoas (número
de pessoas, atividades, movimento, pessoas específicas suas características
como voz, tipo de interação).
c) demanda de
tarefas, número grande de passos em tarefas, dificuldades para realizar
determinadas ações, tédio com a atividade, número de atividades simultâneas,
grau de abstração exigido pela tarefa.
É melhor se
ter uma área para o individuo ficar sozinho. A idéia é que, com o tempo, a pessoa
reconheça os sinais de agitação e que possa ir sozinha a esse lugar para se
acalmar. No processo de aprender esta estratégia de se controlar a criança vai
necessitar de atenção “prompting” de
outras pessoas para ir a esta área.
Como uso
estratégias sensoriais de estimulação
§ Na escola do meu filho tinha um quarto pequeno cheio de
almofadas para a criança ter um canto só dele. Em casa eu tinha uma cabaninha
cheia de almofadas, com matérias sensoriais como escova, “body sock” (um saco grande feito de tecido no qual a criança
entra), lâmpada que girava com luzes diferentes.
§ Também tinha uma piscina de plástico cheia de bolas. O
contato dessas bolas com o corpo dele - e ele sempre pulava muito nelas - o
acalmava.
§ A cama elástica eu deixo na sala e ele pula quando sente
necessidade. Para fazer atividades escolares pula por três a cinco minutos e
então, mais calmo, senta-se para fazer os deveres de casa. Também uso esta
técnica pela manhã para ele se concentrar melhor e vestir a roupa.
§ Quando ele está fazendo atividades escolares eu ponho um
apoio no colo dele (uma meia de homem grande cheia de arroz, por exemplo). O
peso o ajuda a se concentrar melhor.
§ O “Body sock”
ele gosta de entrar, deixar o rosto de fora e ficar deitado na cama até dormir
quando eu o tiro de dentro do saco. Também entra no body sock durante o dia quando precisa, com o corpo todo. O saco – “Body sock” acalma e pode ser feito
com um tecido elástico, maleável, como o que é usado para fazer biquíni.
§ Na escola Luke usava uma espécie de colete quando
necessitava mudar de uma atividade para outra sem se estressar, (como ir à aula
de educação física musica, arte). O colete deve ser feito com um tecido
resistente, como uma blusa sem mangas, aberto na frente e com bolsos grandes
onde se coloca feijão, arroz ou areia para dar peso (que deve ser 10% do peso
do individuo). O uso deve ser restrito para não perder o efeito.
§ Uso a escova à noite antes de dormir ou durante o dia
para acalmá-lo.
§ Banho de banheira é um ótimo relaxante.
§ A piscina também é um excelente calmante se for usada com
exercícios leves e tranqüilos.
§ Balançar no balanço ou rede também é muito bom para
acalmar e para favorecer a concentração.
§ O sanduíche: ponho o Luke entre os travesseiros como um
sanduíche e rolo a meia cheia de arroz pelo corpo dele fazendo pressão. Alguns
pais fazem este sanduíche e se deitam sobre a criança. ATENÇÃO: a cabeça da criança deve ficar sempre de fora e não
receber nenhuma pressão.
§ Quando ele está em uma situação de muito estres - como
fila de supermercado, por exemplo - eu fico atrás dele e coloco as minhas mãos
no seu ombro fazendo pressão para baixo desta maneira: faço pressão, conto 1, 2
e solto, pressão 1, 2 solto.
§ Se ele já está muito estressado faço exercícios de
respiração como assoprar o meu dedo por alguns minutos. Exemplo: inspirar, um,
dois, três, expirar.
§ Ele gosta de pular em uma bola grande de terapia que o
ajuda a se concentrar para sentar e fazer um trabalho. Às vezes faço com ele o
seguinte exercício: seguro o seu calcanhar e deito-o sobre a bola (de barriga)
e então rolo a bola para frente e para traz. Isso acalma.
FONTE: FOCUSE, Beth & WHEELER,
Maria. A tresure chest of behavioral
strategies for Individual with autism. Arlington TX,
Future-Horizons, 1997
) - FOCUSE, Beth & WHEELER, Maria. A tresure chest of behavioral strategies for Individual with autism. Arlington TX,
Future-Horizons, 1997, p.59.
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