Attwood propôs um guia para pais e profissionais lidarem com crianças e jovens com autismo e síndrome de asperger.
Estratégias para o comportamento social
Aprender a: iniciar, manter e finalizar o jogo social; ser flexível, cooperativo e compartilhar; manter-se só sem que isso ofenda os outros.
Ensinar a observar o comportamento de outras crianças para indicar o que fazer e ensinar como se relacionar com elas.
Encorajar a participação em jogos cooperativos e competitivos.
Usar histórias sociais para explicar soluções e ações em situações sociais específicas.
Mostrar aos adolescentes como as atitudes sociais podem ser adaptadas, lançar mão de poesias e autobiografias para encorajar empatia; ensinar a linguagem corporal.
Para ajudar a ensinar emoções: explorar uma emoção por vez, ensinar como ler e responder às pistas que indicam graus variados de emoção, ensinar frases de segurança para quando estiver inseguro ou confuso.
No auxílio à expressão de emoções: usar recursos visuais, como indicadores, desenhos ou vídeos, estimular o uso de diários.
Estratégias para a linguagem
Pragmática – ensinar marcadores para início de conversação; encorajar a confessar que não está entendendo quando for o caso; ensinar pistas de quando reagir, interromper ou mudar um tópico; usar teatro ou outras interpretações na arte de conversar; utilizar representação pictórica em diversos níveis de comunicação.
Interpretação Literal – Levar a compreender como um comentário pode levar a um mal entendido; explicar metáforas ou figuras de estilo.
Prosódia – ensinar como modificar o ritmo e as variações de freqüência para enfatizar palavras-chave ou mostrar emoções.
Discurso pedante – evitar abstrações e falta de precisão.
Discriminação Auditiva e sensorial – encorajar a solicitar por ajuda como repetir a instrução, simplificá-la, escrevê-la ou dar pausa entre elas.
Estratégias para interesses e rotinas
Interesses Restritos – facilitar conversação, oferecer ordem e consistência.
Estratégias – aplicação construtiva para ter motivação e ser uma fonte de contato social.
Rotinas são impostas para que a vida seja previsível.
Estratégias – insistir no compromisso, ensinar a noção de tempo e organizar a seqüência de atividades para reduzir o nível de ansiedade da criança.
Estratégias para cognição
Teoria da Mente (capacidade de entender o ponto de vista de outra pessoa) – ensinar a perspectiva e pensamentos dos outros usando jogos dos papéis encenados pelas pessoas e jogos de instrução; estimular a criança a parar e refletir sobre como a pessoa se sente antes dela falar.
Memória – Desenvolver memória de informação factual e trivial através de jogos.
Flexibilidade do Pensamento – Praticar a reflexão sobre estratégias alternativas e aprender a pedir ajuda, mesmo sob a forma de códigos.
Leitura, soletração, cálculo – Observar se e quando a criança está utilizando uma estratégia não convencional e evitar críticas ou compaixão.
Imaginação – Mundos imaginários podem ser fontes de escape e prazer.
Pensamento Visual – Encorajar visualização usando diagramas e analogias.
Vale ressaltar que, embora dispostos didaticamente em vários quadrinhos, existe uma correlação intensa entre esses comportamentos. Interesses restritos tornam a pessoa ainda menos social, a dificuldade com a teoria da mente prejudica o comportamento social e a conversação, etc. A dificuldade de compreender estados mentais de outras pessoas, de colocar-se no lugar do outro e imaginar o que ele está pensando, está relacionada à dificuldade no faz de conta, à incompetência da interação social e aos problemas nos aspectos pragmáticos da linguagem.
Essa falta de conhecimento intuitivo do comportamento social faz com que o professor tenha que auxiliar estas crianças e adolescentes a “lerem” as situações sociais. Devemos sempre pensar que o que é evidente para a maior parte das pessoas, muitas vezes deve ser ensinado para crianças com Transtorno Invasivo do Desenvolvimento.
Por outro lado, atividades que não são óbvias para indivíduos sem Transtornos Invasivos do Desenvolvimento como a leitura, a compreensão de mapas e a memorização de grandes números podem aparecer no espectro autístico como uma “ilha de conhecimento”, mas a aplicação útil destas informações é muitas vezes inexistente. Tornam-se obsessões, fazem com que isso isole ainda mais estas pessoas do convívio. Portanto, o papel está na utilização destas capacidades de forma funcional e de modo a aproveitá-las como trampolim para que as áreas com defasagem possam ser impulsionadas.
Considerações Finais
Os profissionais que atendem as pessoas pertencentes ao espectro autístico necessitam compreender as peculiaridades envolvidas na maneira como elas vêem e vivem o dia-a-dia.
Compreender estas diferenças e se esforçar para em determinados momentos ver o mundo pelos olhos deles é essencial para a criação de boas estratégias terapêuticas e educacionais.
A troca de experiências entre a saúde e a educação deve se tornar uma constante. Somente desta maneira, os problemas serão solucionados de maneira harmoniosa e eficaz.
Como integrar autistas com não autistas
Formar grupos com pelo menos um não autista para cada autista para encontros de 20 minutos três vezes por semana. O ideal é que o companheiro não autista tenha ou mais anos de idade. Após a atividade o grupo lancha junto.
Deve ser feito um programa de prioridades a serem trabalhadas para cada autista (ex. permitir a proximidade de outros, aprender a participar de uma roda). A família deve trabalhar concomitantemente no mesmo objetivo.
Desenvolver atividades muito interessantes, sempre com novidades para promover um ambiente especialmente positivo para todos. Deve haver uma rotina nas atividades. Dar prioridade para atividade que requeira a participação de todos (formar grupos com a mesma tatuagem ou colante na roupa ou formar um ônibus com os participantes). Deve-se evitar tarefas que exijam linguagem complexa ou coordenação motora fina.
O adulto interfere na atividade através de modificações do ambiente (manter um espaço limitado; identificar visualmente onde devem ficar) ou por dicas dadas para a criança não autista.
Combinar antecipadamente com todos os participantes e familiares qual o tema do próximo encontro (ex. todos devem usar sua core preferida ou todos devem trazer algum objeto relacionado com páscoa / natal). A família deve estimular o assunto até o próximo encontro.
Ensinar habilidade social como se apresentar, como pedir algo, como comprar alguma coisa.
Trabalhar empatia
Trabalhar as diferentes visões de uma mesma estória. Nem sempre o que ele sabe e gosta é o mesmo que os outros gostam e sabem.
Partir de objetos e situações que a criança já mostra interesse para iniciar interação social.
Utilizar estímulos visuais nas atividades pedagógicas e no dia-a-dia (organizar o horário, mostrar aonde ela vai e o que vai acontecer).
Estruturar o ambiente de forma que a criança preveja o que se espera dela em cada situação.
Aproveitar situações e horas naturalmente agradáveis para a criança (banho, comida) para ensinar e trabalhar conceitos.
Diminuir o tempo que a criança fica sozinha e sem atividade.
DICAS SOBRE COMO EXERCITAR A LEITURA SOCIAL
Nomear as emoções na hora que elas acontecem, em situação natural Iniciar com emoções simples como alegria, tristeza, medo e após passar para emoções complexas e mais internalizadas como vergonha e orgulho.
Criar pequenas estórias onde a leitura social é diferente para as diferentes óticas.
Estimular empatia (simpatia pelo sentimento dos outros).
Ensinar qual a resposta emocional apropriada para cada situação.
Responder a qualquer iniciativa e comunicação
Apresentar objetos do interesse da criança
Dar um intervalo de tempo entre mostrar e nomear um objeto. Quando fizer uma pergunta, faça perguntas abertas (que não caibam resposta com uma palavra). Tenha paciência para esperar a resposta.
Utilizar recursos gestuais ou visuais para melhorar a comunicação.
Utilizar situações naturais e reais para estimular a comunicação.
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