• Quando crianças e adultos com autismo batem em si mesmos ou nos outros, pode ser que eles estejam sentindo alguma dor ou desconforto e estejam tentando se livrar da dor através deste ato de se bater ou bater nos outros?
É possível. Em geral, há 3 razões para uma criança ou adulto com autismo se bater ou bater nos outros. A primeira razão é o que chamamos de “apertar os botões”. Isto significa que a pessoa está batendo para ganhar alguma reação de alguma pessoa em seu ambiente. É uma maneira de se adquirir mais controle de seu ambiente, provocando uma reação que já é conhecida e esperada. Se uma criança ou adulto que deseja ter uma sensação maior de controle em sua vida sabe que, ao bater nela mesma em outra pessoa, ela conseguirá que a mãe, pai ou qualquer outra pessoa ofereça a ela uma intensa reação, mesmo que seja uma reação de desaprovação, ela continuará investindo nesta estratégia para ganhar a atenção e forte reação. Lembre-se que esta pessoa está fazendo o melhor que pode com as habilidades que possui! A melhor maneira de se responder a este comportamento é manter-se calmo e restringir suas ações ao mínimo. Portanto, se você precisa proteger uma outra criança ou a si mesmo das agressões físicas da pessoa com autismo, procure fazer isto da forma mais calma possível, com uma reação mínima, ao invés de uma atitude dramática carregada de um tom emotivo intenso e negativo. Desta forma, sua resposta será menos atraente e interessante para uma pessoa que está tentando apertar os seus botões e conseguir uma reação sua. Você pode então oferecer grandes reações para celebrar aqueles comportamentos mais gentis e cuidadosos da pessoa com autismo.
Uma outra razão para a pessoa se bater ou bater nos outros pode ser a tentativa de auto-regulação sensorial ou de energia física. Se uma pessoa com autismo apresenta repentinas “explosões” de energia ou de sensações em seu corpo, ela pode achar que irá conseguir regular/ajustar seu corpo se bater em si mesmo ou em outra pessoa. Se este for o caso com a criança ou adulto, mantenha-se calmo e, com a permissão da pessoa com autismo, ofereça massagens variadas e diferentes estímulos tácteis. Por exemplo, se ela estiver batendo em sua própria cabeça, ofereça um toque com pressão em sua cabeça, etc. Recomendamos que os familiares procurem se informar sobre dietas especiais, exames e protocolos específicos para auxiliar pessoas com autismo na área biológica.
Uma terceira razão pela qual a pessoa pode bater em si ou nos outros pode ser a tentativa de comunicação. Talvez a pessoa esteja tentando comunicar algo como: “saia de perto de mim”, “ me dê o objeto agora”, ou simplesmente “não!”. Se você acha que sabe o que a pessoa quer, por exemplo dizer “não” para uma atividade, ofereça para a pessoa uma forma de comunicação alternativa ao bater. Por exemplo, você diria: “você pode dizer ‘não’ se você não quer que eu cante.” Você poderia então começar a cantar algumas poucas palavras, modelar você mesmo a palavra “não”, e parar de cantar imediatamente após sua palavra “não”. Se a pessoa continuar prestando atenção e você sentir que ela está aberta para suas contribuições, você pode recomeçar a cantar calmamente e baixinho, daí fazer uma pausa e perguntar “Não?”, oferecendo para a pessoa a oportunidade de dizer “não” ao invés de bater. É importante perceber se, antes de partir para a ação de bater, a pessoa vinha tentando comunicar a você ou a outra pessoa que ela NÃO queria algo mas só foi atendida quando começou a bater? Se este for o caso, a pessoa está aprendendo que o ato de bater é uma poderosa e útil forma de se comunicar. Para evitar que a pessoa utilize este tipo de estratégia de comunicação, responda às comunicações que são precursoras ao ato de bater para que a pessoa não precise intensificar a comunicação e chegar a bater para ser entendida.
Algumas vezes, as três razões para bater em si mesmo ou nos outros misturam-se ou alternam-se em um mesmo evento. Por isso, talvez você precise modificar a sua resposta de acordo com a criança ou adulto em questão e o momento específico de cada evento.
Postado por Wilde Kate, Professora Sênior do Programa Son-Rise
Quando um pai descreve que seu filho é como "agressivo", significa que ele bate, morde, arranha, belisca, puxa cabelo, cuspe nas pessoas, dátapas, socos e chutes usando força física. Esse termo também é utilizado se a criança morde a própria mão, bate na própria cabeça ou se golpea a si própria de forma auto-prejudicial.
No dicionário, "agressivo" é definido como:
"Ofensas não-provocadas, ataques, invasões, ou coisas ameaçadoras.
Assim, quando usamos essa palavra para descrever os comportamentos dos nossos filhos, estamos dizendo que nossos filhos estão nos atacando. Quando eles estão se auto-flagelando estamos acreditando que eles estão se auto-atacando de uma forma não provocada.
"Violento" é outra palavra que é usada para descrever os comportamentos listados acima. Têm pais que procuram minha ajuda dizendo coisas como: "Meu filho está se tornando violento", ou profissionais ainda que dizem estar trabalhando com "uma criança violenta."
"Violento" é definido no dicionário como:
Ações extremamente fortes que se destinam a machucar as pessoas ou susceptíveis de causar danos a alguém usando ou envolvendo força para ferir ou atacar.
Quando chamamos os nossos filhos violentos estamos sugerindo que eles pretendem nos prejudicar. Para mim, a palavra evoca imagens violentas de morte e guerra, e não algo que eu atribuiria a uma criança com autismo.
No Programa Son-Rise, não consideramos que as crianças estão nos atacando de forma não provocada como a palavra "agressivo" sugere, as crianças não são más, ou realmente querem magoar outras pessoas. Acreditamos que elas estão tentando cuidar de si, da única maneira que sabem. Nós não rotulamos esse comportamento como "agressivo" ou "violento". Nós os chamamos de energia intensa. Intensa energia não tem nenhuma das associações de julgamento que as palavras "agressivo" ou "violentos" tem. Intensa energia descreve mais precisamente o que está acontecendo.
Abaixo há dois dos motivos mais comuns para o seu filho pode ter energia intensa. Compreender a razão ajuda a colocar em prática as estratégias mais eficazes para minimizar a energia intensa do seu filho, bem como novos pensamentos e crenças que você pode adotar para ajudar a se sentir mais confortável com esse aspecto de seu filho.
Intensa energia não acontece "de repente".
Os pais me dizem que seus filhos os atinge sem razão aparente. Em meus 25 anos trabalhando com crianças e adultos com autismo, tenho sido atingida, estrangulada, chutada, recebido socos, apertos, mordidas, tapas, cabeçadas e arranhada por crianças e adultos que eram muito mais altos e pesados do que eu. A minha formação no Centro de Tratamento de Autismo dos EUA me ensinou a observar uma criança realmente e perceber o que está acontecendo com elea e a relação entre o que eu fiz e o que elas fizeram. Desde então, eu nunca trabalhei ou observei facilitadores e pais atuando no playroom onde as crianças não tenham dado sinais claros de que estavam prestes a bater.
Esta é uma notícia emocionante para você, pois isso significa que tudo que você precisa fazer é observar seu filho para tornar mais clara sua compreensão e perceber que o que você faz pode provocar o comportamento indesejado na criança.
Sabemos que o sistema sensorial das crianças autistas é muito afetado. Elas podem ter uma energia se acumulando dentro delas e que elas não vão saber lidar com isso. Quando temos excesso de energia em nossos corpos, fazemos alguns exercícios para ajudar a liberar tal excesso. As crianças autistas não parecem entender o que está acontecendo no próprio corpo e assim criam formas originais e interessantes para aliviar o acúmulo de energia delas. Elas mordem, apertam e espremem alguém com grande determinação e com força. A ação de morder, beliscar ou outro comportamento deste tipo lhes permitem liberar essa energia ajudando-as a se organizar fisicamente.
Tente o seguinte exercício:
1. Procure um objeto como uma bola de borracha ou um pano embebido em água.
- Realmente morda ele. Sim, eu quero dizer isso. Afunde seus dentes com toda força.
- Faça isso três vezes, cada vez com duração de pelo menos 20 segundos.
2. Com as duas mãos juntas esprema-as, novamente, não sem entusiasmo mas com todo a sua força.
- Faça isso três vezes, cada vez com duração de pelo menos 20 segundos.
3. Anote o que sentiu ao fazer isso.
O que eu sinto e o que as pessoas me relatam é uma liberação de toda a tensão acumulada. É bom fazer isso! E é útil para o corpo. Nossos filhos estão fazendo isso pelas mesmas razões. No entanto, a necessidade de liberação de energia de seus corpos é muito maior que a nossa. O truque aqui é ajudar a nossa criança a usar algo diferente do corpo de outra pessoa ou dela mesma para liberar suas energias.
As crianças também podem dar uma entrada sensorial em si mesmas, batendo a própria cabeça, mordendo as partes moles da base dos seus próprios dedos, batendo em suas próprias coxas e batendo seus pés. Neste caso, vemos as crianças agirem como seus próprios terapeutas ocupacionais, tentando ajudarem-se a si mesmas no equilíbrio dos seus próprios sistemas sensoriais.
Quais são os sinais?
Observe se seu filho tem um dos seguintes comportamentos, quer imediatamente antes ou num período de 30 minutos antes da intensa energia liberada por ele:
- Pulando e intensamente.
- Tensionando parte dos seus próprios corpos, por exemplo, enrijecendo o rosto agitando-o um pouco.
- Batendo mais vigorosamente em si mesmos com ambas as mãos em qualquer parte do corpo ou utilizando algum objeto.
- Correndo em volta da casa ou dentro do apartamento com maior energia.
- Gritando sons mais altos e mais longos que o habitual.
- Tornando mais intenso e mais rápido em recitar seus roteiros de filmes ou livros (crianças verbais).
- Solicitando respostas dos cuidadores mais rápidas quando eles já conhecem as respostas.
- Entrando num padrão contrário, quando elas (as crianças) pedem alguma coisa, dizendo “não” quando você dá a eles alguma coisa, em seguida, pedir para a criança o objeto de volta, em seguida, dizer "não" quando você voltar a oferecer o objeto novamente, e assim por diante (criando uma confusão mental).
Se você não tiver certeza do que ocorreu com seu filho no período de tempo anterior à manifestação da intensa energia, torne-se um detetive. Leve o seu caderno de anotações com você e começe a anotar o que você vê. Percebendo o que acontece antes e depois de seu filho manifestar uma intensa energia vai lhe dar pistas valiosas sobre o porquê dele estar fazendo aquilo. Uma vez que sabemos o por quê, então podemos aplicar as estratégias mais úteis para ajudá-los. Queremos cuidar da razão subjacente (que está por tráz, que está oculta, que está por baixo, que está escondida) da "energia intensa" do seu filho ao invés de apenas administrar os sintomas.
O que fazer?
A idéia é dar às crianças a entrada sensorial que elas estão buscando ao longo do dia, de modo que elas não construam um momento para manifestar nas pessoas a energia intensa.
Você pode fazer o seguinte:
- Inicie apertando seu filho nas mãos, pés ou cabeça.
- Dê um abraço de urso nele (você sentado atrás de seu filho, envolva seus braços e pernas em volta de seu filho, para que possa dar-lhe um grande aperto de corpo.
- Role uma grande bola terapêutica sobre a criança. Esta é uma maneira de dar um “abraço de urso” em uma criança maior.
- Estimule a criança a saltar num trampolim ou cama elástica.
- Para crianças acima de 14 anos, sugiro que você tenha certeza de que vão faze uma série de exercícios, como natação, corrida, longa caminhada a passos rápidos, pular numa cama elástica grande, algo em que elas realmente se esforcem. Providencie isso em três vezes na semana.
Você pode fazer qualquer uma das sugestões acima. Escolha uma ou várias em que você acha que seu filho irá se divertir mais. Ao fazer as três primeiras sugestões, você deve experimentar com a intensidade em que você ofereça a pressão adequada para o “abraço de urso” ou para a rolada da bola terapêutica. Lentamente aumente a pressão observando para certificar-se de que seu filho está gostando. Minha experiência diz que as crianças que estão usando a energia intensa necessitam de pressões mais profundas.
1. Pense o seguintes:
- Meu filho está me batendo, na tentativa de cuidar de seu próprio sistema sensorial.
- Não significa nada sobre o amor ou o respeito que ele tem para comigo.
- Eu posso ajudar o meu filho, dando-lhe com a entrada sensorial adequada ajudando-o a equilibrar seu corpo.
Estes pensamentos vão te ajudar a se preparar para responder de uma forma pacífica, calma e amorosa.
2. Aperte as mãos, cabeça ou maxilar dele.
- Se ele está batendo a cabeça no seu colo, a proposta é apertar a cabeça dele com as suas duas mãos espalmadas ... se ele está apertando-lhe, ofereça suas mãos para que ele as aperte... se ele está mordendo-lhe, pressione a sua linha da mandíbula com seus dedos.
- Explique-lhe que ele não tem que bater, beliscar ou dar cabeçada em você, e que você ficaria feliz em poder espremê-lo sempre que ele quiser.
Agora você sabe os sinais de alerta que você deve ser capaz de oferecer soluções à sua criança devido aos estímulos sensoriais que ela está procurando obter antes que ela chegue à fase de morder, beliscar ou bater. Dê sua mão a ela antes que ela chegue até você para lhe dar um aperto! Dê algo para ela morder antes que ela alcance você.
Dicas:
- Quando estou trabalhando com uma criança que gosta de morder, muitas vezes, quando ela está me abraçando poderá afundar seus dentes em meu ombro, assim, eu sempre tenho comigo um pequeno brinquedo da mastigação no bolso para lhe oferecer, ou ombrieras adequadas debaixo da minha blusa para proteger meus ombros.
- Se o seu filho consegue mordê-lo, passe para a mordida versus (X) afaste-se dele. Por exemplo, se ele está mordendo seu braço, empurre seu braço para dentro da boca dele, se você puxar o braço vai doer mais ainda, evite isso. Leve o seu dedo polegar e o indicador e em forma de pinça num lado e outro da linha do maxilar do seu filho, isso não vai prejudicar ou machucar seu filho e os faz abrir imediatamente a boca.
Bater, morder, cuspir, dar socos, bater a cabeça, morder-se pode simplesmente ser o seu filho dizendo que eles querem alguma coisa. Este pode ser o caso de uma criança que ainda não é verbal e também pode ser o caso de uma criança que é altamente verbal. Se as crianças acreditam que as pessoas vão atendê-las mais rapidamente batendo em uma pessoa ou isto significa para elas que estão pressionando o botão de avanço rápido, elas vão continuar fazendo exatamente isso.
Quais são os sinais?
- A criança aperta, bate, morde, dá socos logo após alguém ter dito a elas que ela não pode ter algo.
- A criança está tendo problemas para fazer suas necessidades serem entendidas.
- A criança batem de diferentes formas e esta pode ser a maneira de seu filho tenatr reiniciar uma atividade com você.
O que acontece é que as pessoas ao redor da criança se movem mais rápido e "entendem" mais quando as crianças batem. O adulto de repente, se torna mais ágil porque querem evitar os comportamentos indesejados. Uma criança pode começar a pensar – “ok, esse é o caminho para eu conseguir mais o que eu quero, quando bato, todo mundo tenta entender-me mais e mais depressa." Neste caso, é importante você estar consciente quando seu filho está usando a energia intensa, e como você está reagindo em resposta a ela (energia intensa).
Tente este exercício:
Responda as seguintes perguntas, quando seu filho bater em você por querer alguma coisa ou que esteja tendo um desafio para comunicar a você o que ele quer.
- Como é o seu corpo reage? Será que o seu coração bate mais rápido? Suas mãos começam a suar?
- O que você está sente? Zangado? Triste? Fica com medo? Se sente feliz?
- Como você se move? Mais rápido? Mais lentamente?
- Você dá a seu filho o objeto ou a atividade que ele estava pedindo?
- Se você não entender o que ele quer, oferece-lhe muitas coisas diferentes?
Em seguida, comece a observar. Como os membros da sua família interagem com a criança, como eles reagem quando a criança bate neles. Informe-se na escola do seu filho ou com os profissionais e cuidadores sobre a forma como eles reagem quando a criança bate neles.
Se seu filho está batendo para comunicar um desejo, é porque alguém, em algum lugar, responde facilmente a este tipo de comunicação.
O que fazer?
1. Pense os seguinte:
- Meu filho é inteligente! Ele está tentando conseguir o que quer pela via mais rápida possível.
- Isso não significa nada sobre mim ou à minha pessoa.
- Eu sei o que fazer. Eu posso ajudar o meu filho, movendo-me lentamente e deixando que ele saiba que eu não entendo quando ele me bate.
2. Mova-se lentamente.
Isso é muito importante. Queremos mostrar aos nossos filhos que qualquer forma de energia intensa não vai ajudá-los a ter mais rápido o que eles querem. Na verdade, torna as pessoas mais lentas.
3. Explicar
Diga ao seu filho que você não entende o que ele quer dizer quando bate em você. Explique também que, mesmo que ele bata em você, não vai mudar a situação e você ainda não vai atendê-lo.
4. Saia do caminho, e dê uma alternativa.
Agora que você sabe por que seu filho se comporta dessa forma pode se preparar melhor.
Se seu filho quer algo em que a resposta é não:
- Saiba que ele pode bater em você.
- Saia do caminho, então ele não poderá alcançá-lo com as mãos e isto lhe dará tempo para se proteger pegando as mãos dele. ou oferecendo alguma coisa para que ele bata, como por exemplo uma bola ou um tambor.
- Se seu filho é um adulto ou maior que você, sempre tenha uma bola grande de terapia ou uma almofada grande disponíveis que você possa colocar entre você e seu filho para se proteger.
- Acredite que você é forte e segure-o com toda determinação, não deixe-o soltar-se para lhe bater.
5. Não dê ao seu filho alguma coisa para que ele bata em você com aquilo.
Isso é muito importante! Você quer ajudar seu filho a entender que a utilização intensiva de energia de qualquer tipo não vai fazer com que ele tenha o que quer. Esta é uma habilidade muito importante para ensinar seu filho, que irá ajudálo socialmente nos anos por vir.
Se você deseja dar ao seu filho aquilo que ele quer quando ele tentou obter ao bater em você, certifique-se de lhe pedir para se comunicar de uma forma diferente antes de atendê-lo. Peça-lhe para apontar para o que ele deseja, ou usar uma aproximação da palavra, ou a própria palavra. Celebre-o quando ele fizer isso e certifique-se de explicar-lhe que você está dando a ele, porque ele se comunicou adequadamente, não porque ele bateu em você.
6. Seja persistente e consistente.
Se você já tem um histórico de movimento rápido quando o seu filho bate em você, pode demorar um pouco para o seu filho perceber que isso não é mais o jeito que você vai atendê-lo. Mantenha sua atitude da forma descrita acima até seu filho chegar a esse conceito.
Se seu filho demorar mais de duas semanas para mudar esse comportamento, certifique-se de que você está seguindo todos os passos sugeridos acima. Talvez você tenha deixado um passo crucial para tráz. Caso você esteja passando por todos os passos sugeridos, é mais provável que alguém do convívio do seu filho esteja atendendo-o de forma rápida. Seja um detetive, descubra quem é essa pessoa.
Estratégia para usar quando a criança tem crises de choro -
Programa SON RISE por Vencer Autismo, domingo, 1 de maio de 2011 .
Quando vemos a nossa criança chorar, o que sentimos? O que nos passa pela cabeça? Talvez para alguns, a resposta a esta pergunta seja; quando a vejo chorar sinto um certo desconforto. Muitos sentirão tristeza e culpa pois podem achar que tem algo a ver com o fato dela estar chorando. Outros acharão que são responsáveis pela fato da criança estar infeliz. Alguns podem até pensar que chorar poderá fazer mal á criança, por isso fazemos tudo que está ao nosso alcance para que fique tudo bem e que a criança pare de chorar. Reagimos e respondemos quando a criança chora (dando-lhe por exemplo algo que elas querem) e com isto aprendem que chorar é uma forma efetiva de comunicar o que querem e o que não querem e que se chorarem conseguem mover o “mundo” para terem tudo o que desejam!
Como disse no parágrafo anterior, o choro da criança é uma forma de comunicação. As crianças choram porque estão tentando nos dizer algo. Não significa que estejam tristes ou zangadas, significa apenas que nos querem dizer algo. Quando reagimos e respondemos ao choro, estamos dizendo á criança que esta é uma forma de se comunicar com os outros.
Queremos ajudar as nossas crianças a entender que chorar não é a forma mais efetiva de comunicar. Para fazer isto vou dar-lhes algumas técnicas que podem implementar em casa com a sua criança – VAI AJUDÁ-LOS. Primeiro devemos começar com a nossa atitude. Perceber que a criança quando chora está apenas comunicando algo para nós e para o mundo. É importante que tenhamos uma atitude calma e que transmitamos amor ( mesmo que eles estejam a chorar porque bateram com a cabeça ou se auto agrediram) Quando nos sentimos confortáveis, a criança sente-se segura e protegida, o que leva a que também se acalme. Segundo, é importante não reagir. Queremos que a criança saiba que chorar não vai mudar o mundo e que não o vai fazer alterar a sua atitude e decisão.
A noite passada a minha filha teve uma crise de choro depois de eu lhe ter explicado que ela não iria á festa da escola ( devido a incidente que tinha anteriormente acontecido). Ela começou a saltar na cama durante cerca de uma hora, enquanto gentilmente mordia os braços e batia na cara. Imediatamente afastei-me para poder me acalmar e ajudá-la. Eu não estava reagindo aos gritos, ou preocupada porque ela se estava se auto agredindo. Sabia que ela iria ficar bem. Nunca vi ninguém morrer por chorar, por isso decidi deixá-la chorando. Relativamente ao fato de estar se mordendo e se batendo, consegui ver que ela não estava se mordendo de forma a ficar sem pele, nem a batendo-se com força suficiente para se aleijar verdadeiramente, por isso deixei-a que ficasse assim. O que é que eu fiz? Saí e fui para um local ainda mais calmo do que o anterior, confiando em mim, sabendo que ela iria resolver a situação – apesar dela não ir á festa.
Quando acalmou, decidi explicar-lhe. As explicações dão-lhes uma imagem clara da razão que nos levou a tomar aquela decisão e o porquê, e porque acreditamos que chorar não vai ser útil como forma de eles conseguirem o que querem ou como forma de dizerem o que querem dizer. Calmamente dirigi-me a ela e expliquei-lhe: “ Quero te ajudar, e não sei o que você quer me dizer quando está aos gritos”. A minha filha continuou a chorar, eu mantive-me calma e com uma atitude carinhosa e sentei-me ao lado dela. Ela então gritou “ Eu quero ir á festa da escola.” Uma vez mais, mantive-me calma e disse-lhe:” Mesmo sabendo que é isso que você quer, não vamos á festa. Não tem problema se quiser chorar; mas não vai alterar o fato de você não ir á festa”. Depois de ter explicado isto á minha filha, ela saltou ainda mais alto na cama, agrediu-se ainda com mais força, e gritou ainda mais alto do que anteriormente.
Assim que a crise começou a ficar mais intensa, decidi que iria sentar-me ao lado dela, enquanto gritava, sem dizer nada. Estava claro que ela iria continuar gritando sem parar. Sentei-me ao lado dela durante quase uma hora; não olhava para ela; nem reagia; estava e sentia-me confortável sentada aos pés da sua cama.
Após 50 minutos a minha filha começou a acalmar e sentou-se na cama. Olhou para mim e disse:” Eu quero ir á festa da escola ! Estou triste por não poder ir!” A minha resposta foi gentil, carinhosa e calorosa: “ obrigada por me dizer isso. Efetivamente você não vai á festa, mas saiba que te amo muito”. Gemendo bem baixinho, a minha filha disse “ Eu também te amo,” e deitou-se silenciosamente na cama.
Na situação acima, usei os princípios do programa SON RISE para ajudar a minha filha com o choro, que por sua vez ajuda-a a comunicar mais efetivamente. Ela aprendeu também que chorar não altera nada daquilo que ficou decidido. Não reagir, ser calmo, consistente e estar confortável com a situação, é o maior presente que podem dar aos vossos filhos quando eles tem uma crise. Espero que tenham a oportunidade de usar isto brevemente.
Amanda Louison – terapeuta do programa SON RISE
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