O diretor fez a locação de um posto de gasolina nos confins do mundo, onde
aconteceria uma cena entre vários atores contracenando com o proprietário do
posto onde ele também morava com sua mulher e filho. Este último autista e
nunca saía do terreno da casa.
A equipe parou no posto de gasolina para abastecer e aconteceu a cena mais
marcante que o diretor teve a felicidade de encaixar no filme.
Num dos cortes para refazer a cena do abastecimento, um
dos atores que sendo músico sempre andava acompanhado do seu instrumento de
cordas aproveitando o intervalo da gravação e já tendo percebido a presença
de um garoto que dedilhava um banjo na varanda da casa aproximou-se e
começou a repetir a sequência musical do garoto.
Como houve uma ‘resposta musical” por parte do garoto, o
diretor captou a importância da cena e mandou filmar. O restante vocês verão
no vídeo.
Atentem para alguns detalhes:
- O garoto é verdadeiramente um autista;
- ele não estava nos planos do filme;
- A alegria do pai curtindo o duelo dos banjos…
dançando
- A felicidade da mãe captada numa janela da casa;
- A reação autêntica de um autista quando o ator músico
quer cumprimentá-lo.
Vale a pena o duelo, a beleza do momento e, mais que
tudo, a alegria do garoto.
A sua expressão. No início está distante, mas, à medida
que toca o seu banjo, ele cresce com a música e vai se deixando levar por
ela, até transformar a sua expressão num sorriso contagiante, transmitindo a
todos a sua alegria.
A alegria de um autista, que é resgatada por alguns
momentos, graças a um violão forasteiro. O garoto brilha, cresce e exibe o
sorriso preso nas dobras da sua deficiência, que a magia da música traz à
superfície.
Depois, ele volta para dentro de si, deixando a sua
parcela de beleza eternizada “por acaso” no filme “Amargo Pesadelo” (Ano:
1972)
Nenhum comentário:
Postar um comentário