Em dezembro de 2008 a fonoaudióloga Claudia Pietrobon, de São José do Rio Preto - SP, especialista em linguagem e autismo, passou estas dicas maravilhosas em um grupo de de discussão que não lembro qual e que repassei prontamente para todos os meus contatos, além de arquivá-las.
São dicas tão preciosas que não podem ficar perdidas.
Aproveite-as bastante, imprima-as e coloque-as em local bem visível ou na área de terapia de seu filho para que nunca as esqueça.
Estratégias para o Desenvolvimento da Linguagem:
· Aguardar, observar e ouvir tudo o que a criança tem para manifestar: gestos, vocalizações e olhares;
· Não atuar de forma diretiva e controladora, dando oportunidade para a criança manifestar seus desejos, interesses e necessidades;
· Fornecer oportunidades que favoreçam a comunicação e saber aguardar uma resposta;
· Usar linguagem compatível com as possibilidades de compreensão pela criança;
· Interpretar atos não intencionais como se fossem atos comunicativos intencionais;
· Não dar automaticamente as coisas para a criança: aguardar que ela tome iniciativa para solicitar os objetos;
· Conhecer as capacidades comunicativas típicas de cada criança e saber que é esse recurso que se pode contar no momento da interação com elas;
· Solicitar pouco de suas capacidades ou exigir acima do que ela pode responder significa possível quebra de interação por falta de sintonia entre os interlocutores;
· Garantir a proximidade física e o contato face a face: esta facilita o intercambio comunicativo;
· Imitar sistematicamente o que a criança faz é uma forma eficiente de chegar ao seu nível: é como sintonizar na mesma estação em que ela opera;
· Dar nome as coisas, de modo natural. Nomear sistematicamente objetos e ações aumenta a possibilidade de compreensão, assim como conduz ao uso de palavras novas;
· As situações do dia a dia devem ser adaptadas de modo que levem a criança a usar a linguagem como um meio privilegiado de ação;
· Criar pequenos problemas cujas soluções impliquem atos comunicativos, EX: dar a mamadeira vazia na hora de tomar o leite, apresentar uma caixa sem o conteúdo que habitualmente à criança encontra dentro dela e assim por diante. Aguardar as atitudes da criança para resolver situações como esta.
O QUE DEVE SER EVITADO:
· Ficar testando a capacidade das crianças com ordens e perguntas;
· Ficar dirigindo a ação da criança, dizendo como deve agir ou proceder;
· Interromper o silencio que corresponde ao tempo de espera que deve dar para que a criança tome a iniciativa da comunicação;
· Ficar falando no lugar da criança;
· Falar em excesso sem dar tempo para criança responder ao tomar a iniciativa.
Cláudia Pietrobon
Fonoaudióloga - São José do Rio Preto, SP
CRFa 16325
Especialista em Linguagem
Técnicas e sugestões para uma melhor comunicação.
As crianças com autismo ficam mais propensas a se comunicar de forma bem sucedida em ambientes que são planejados para incentivar e apoiar seu empenho. Para que a criança inicie uma comunicação efetiva, devem ser preenchidas duas condições.
1. A criança tem que ter um motivo para se comunicar (POR QUE).
Isto é incentivado pelo uso de materiais/atividades motivadores e pela criação de situações nas quais ela deve comunicar-se para fazer com que algo aconteça.
2. A criança tem que ter um meio para se comunicar (COMO).
Precisa ser ensinado à criança o comportamento de comunicação necessário, e os apoios visuais pelos quais tal comunicação vai estar disponível.
Na lista abaixo há uma coletânea de sugestões para montar “instigadores” de comunicação que sejam significativos e motivadores para as crianças. Muitos incluem brincadeiras. Alguns incluem situações de solução de problemas. Todas incluem um bom “timing”, especialmente “esperar”, por parte do adulto que monta a situação e responde as tentativas de comunicação da criança.
• Envolva-se em uma programação regular de brincadeiras e DIVERTIDA, depois dê uma pausa e espere.
Para que a criança a reinicie esta prática. Se a programação das brincadeiras envolve movimentos motores, linguagem simples, e um objeto específico, então a criança tem várias opções de COMO reiniciar a programação prazerosa.
Exemplos:
Assoprar bolinhas de sabão / bexigas
Brincadeiras com travesseiro
Interações físicas tal como cócegas ou balanceios
Brincadeiras motoras / músicas
Rolar / girar um objeto
• Coloque obstáculos que aumente seu desejo pelos objetos ou atividades.
Exemplos:
As coisas que estejam fora de alcance, porém à vista Fique de pé na frente da porta de entrada / lugar almejado
Embalagens que a criança não consegue abrir independentemente
Brinquedos com mecanismos que a criança não consegue operar facilmente.
• Crie situações para solução de problemas.
Exemplos:
Deixe peças de um quebra-cabeça ou outro brinquedo/jogo motivador
Coloque peças a mais do que irão ser usadas em uma determinada atividadeDê os sapatos do papai ao invés dos dela
Ponha um cubo no prato na hora do lanche
Deixe longe um instrumento/objeto necessário na hora de comer
Derrame alguma coisa
• Esteja atento às situações que a criança não gosta.
Antes que os comportamentos negativos se tornem num problema, ensine a criança a comunicar “acabou" ou "para" ou "me dá um tempo", e então respeite tal comunicação.
Exemplo: Ofereça alimentos que ela não gosta e ensine uma forma aceitável de recusá-las.
Ensine “me dá um tempo” em meio a uma situação estressante, tal como durante um corte de cabelo, porém retome-o depois que foi dado um tempo/pausa.
• Ofereça escolhas, torne-as visuais, sempre que possível, durante todo o dia.
Exemplo: Comidas e bebidas
brinquedos/vídeos/canções
lugares para ir
roupas para usar
• Pratique a alternância (cada um tem sua vez) durante atividades motivadoras, usando uma dica visual junto com dicas verbais para indicar de quem é a vez.
Exemplos de dicas visuais: Mão levantada com a palma voltada para a pessoa que tem a vez;
Passar objeto para frente e para trás para sinalizar de quem é a vez (peças do jogo, microfone);
Cartão com o nome ou figuras para sinalizar de quem é a vez;
Um distintivo ou um chapéu para indicar de quem é a vez.
1. Estamos ensinando a criança a COMO se comunicar (um sistema) e POR QUE se comunicar (interação).
2. A comunicação multimodal (combinar gestos, figures, palavras, objetos) é BOA e ajuda a criança a aprender mais rapidamente tanto COMO quanto POR QUE? Responda a intenção comunicativa da criança sempre que possível, que seja ela use uma palavra falada, um gesto, uma figura, um objeto, etc.
3. Os suportes visuais para a comunicação com crianças com autismo são decisivamente importantes porque:
- São estáveis ao longo do tempo;
- Chamam e mantém a atenção;
- Usam uma modalidade de aprendizagem forte / consistente;
-Torna os conceitos mais concretos;
- Ajuda a isolar o conceito que a comunicação se dirige a outra pessoa;
- São técnicas boas para dar dicas.
4. Para ajudar seu aluno a te entender e também a desenvolver sua própria linguagem expressiva:
- Limite sua linguagem a palavras que ele saiba, tente usar as mesmas palavras toda vez quando na mesma situação.
- Use sentenças ou frases curtas e simples;
- Fale devagar e claramente, e ESPERE;
- Exagere seu tom de voz e expressão facial;
- Use gestos e outras modalidades visuais (figuras, objetos, palavras impressas), lado a lado com sua linguagem verbal;
- Quando a criança está estressada ou perturbada, reduza sua linguagem verbal e aumente o uso de suportes visuais;
- Imite o que a criança diz, e amplie levemente o que ela diz;
- Quando notar que a criança está envolvida em algo que lhe interessa, use linguagem simples para descrever o que ele está fazendo. Emparelhar palavras com ações torna-as mais significativas.
Autora: Susan Boswell
Nenhum comentário:
Postar um comentário